Ações específicas do assessor de imprensa


Foi principalmente a partir da década de 80 que o trabalho de assessoria de imprensa deixou de ser apenas o contato com jornalistas e o envio de pautas à imprensa. Como afirma Duarte (2003), as possibilidades de atuação para o assessor de imprensa estão largamente ampliadas.

É bastante comum o jornalista desenvolver trabalhos em conjunto com outros profissionais e, assim, mesmo quando algumas tarefas não são estritamente de sua atribuição, envolver-se com o trabalho dos demais, colaborando e até aprimorando atividades dos colegas. Dessa maneira, é comum que os serviços tornem-se muito mais diversificados.

Os principais produtos e serviços de uma assessoria de imprensa são, segundo Duarte (2003):

Acompanhamento de entrevistas: o entrevistado pode ficar sozinho com o jornalista, porém, a presença do assessor pode ser bastante eficaz. Desta maneira, o assessor pode examinar o desempenho do assessorado, os reais interesses do entrevistador, além de auxiliar na resolução de algum problema ou dúvida, podendo até evitar armadilhas ou erros. O parecer do assessor é um momento de aprendizagem e visa alcançar melhores resultados nas próximas entrevistas.

Administração da AI: por menor que seja a estrutura da AI, é necessário que se tenha conhecimentos, postura e habilidades, típicos de um gerente. Entre estas exigências é importante ter bom relacionamento com todos os níveis hierárquicos, noções de administração, inteligência empresarial e planejamento.

Apoio a eventos: organização de eventos é função típica de relações públicas, porém, por despertarem a atenção da mídia, exigem atenção especial dos assessores de imprensa. Vários eventos, inclusive, são preparados com a finalidade de obter repercussão nos veículos de comunicação. Os assessores devem auxiliar nos eventos, desde a sua preparação, orientando de maneira a chamar a maior atenção possível dos jornalistas. Dependendo do porte do evento, é necessária a instalação de uma sala de imprensa adequadamente estruturada.

Apoio a outras áreas: o sucesso da instituição depende do trabalho integrado de todas as áreas de comunicação. Por mais específicas que sejam as tarefas do assessor de imprensa, ele deve atuar em conjunto com as demais áreas, envolvendo-se e contribuindo sempre que necessário. Todos os profissionais de comunicação não podem perder de vista que os trabalhos são interdependentes, convergentes e vinculados aos mesmos objetivos organizacionais.

Arquivo de material jornalístico: para atender com agilidade as demandas habituais e emergenciais, é importante ter um arquivo, podendo este ser um diferencial de competência para o assessor. O arquivo pode conter fotos, releases, vídeos, documentos, folders, etc. Com a popularização e barateamento da tecnologia, é possível que todas as informações sejam armazenadas em banco de dados eletrônicos.

Artigos: oferecem uma excelente oportunidade de apresentar, discutir e aprofundar um tema de interesse da organização. Seu conteúdo é opinativo e interpretativo. Deve ser assinado e abranger um assunto de interesse público.

Atendimento à imprensa: quando as atividades da instituição são de interesse público, é necessário a intermediação de um profissional capacitado para fazer a ponte entre a companhia e os veículos de comunicação. O assessor de imprensa passa, assim, a se tornar a principal referência dos jornalistas dentro de uma organização. Esta intermediação é de extrema importância, pois garante o fluxo de informações à sociedade e melhora o controle sobre a presença na mídia.

Avaliação dos resultados: a primeira tarefa do assessor de imprensa é questionar seu assessorado sobre quais são os objetivos e as expectativas com relação ao desempenho do seu trabalho. A eficácia deste setor deve ser avaliada conforme os objetivos que foram previamente definidos.

Banco de dados: saber utilizar um banco de dados pode ser diferencial para um assessor. Várias instituições possuem sistemas de informação com suporte para abarcar bancos de dados. A AI pode ter seu próprio banco de dados, onde é possível armazenar todo tipo de informação que será útil futuramente, tanto aos jornalistas quanto à própria organização.

Brindes: a avaliação dos brindes deve ser extremamente cuidadosa, buscando evitar possíveis constrangimentos com os jornalistas. O brinde mais adequado é o material promocional da própria empresa. Os mais úteis para os jornalistas são canetas, blocos de anotações e agendas. Mas nunca pode-se perder de vista que o melhor presente para um profissional da imprensa é a notícia.

Capacitação de jornalistas: a instituição pode organizar cursos, painéis e seminários para os jornalistas, visando treiná-los para conhecerem melhor determinada área. Estes cursos, quando estruturados juntamente com entidades de ensino e sindicatos, tendem a ser bastante valorizados. Além de ampliar os conhecimentos do jornalista, estimula o interesse do mesmo pela área.

Clipping e análise do noticiário: consiste em identificar e recortar na mídia todas as citações, passagens e notícias sobre a companhia. Todo o material agrupado deve ser devidamente organizado em encadernações (separadas por data, por exemplo) ou banco de dados. Além da notícia contextualizada é importante destacar qual foi o órgão de imprensa que a veiculou e quando, bem como outras informações quanto a seção, a página, etc. O clipping tem várias finalidades: registro histórico da empresa, registro do trabalho da assessoria, facilita a localização e resgate de informações já veiculadas e é suporte para os relatórios avaliativos, ou seja, demostra de que maneira a mídia, e por conseqüência a sociedade, está vendo a empresa.

Concursos de reportagem: é uma alternativa para despertar o interesse dos jornalistas por determinado tema, aproximando, obrigatoriamente, empresa e imprensa. Tema motivador, júri gabaritado, regulamento claro e prêmio interessante são alguns dos cuidados que se deve ter.
Contatos estratégicos: o contato com jornalistas deve ser regular e não pode limitar-se apenas na divulgação de releases. As finalidades destes contatos podem dividir-se em:
a) administrativa: atualização dos dados dos jornalistas (como e-mail, telefone, etc);
b) operacional: atualização sobre a estrutura interna dos veículos de comunicação (como horário de fechamento, interesses editoriais, etc);
c) pauta: uma das principais finalidades do contato com a mídia é fornecer aos jornalistas sugestões de pauta que sejam relevantes;
d) prospecção: durante conversas informais com os jornalistas, o assessor pode sondar como está a imagem da empresa;
e) manutenção do bom relacionamento: a manutenção do bom relacionamento com os veículos de comunicação é fundamental e é conseguida a longo prazo, através de informações com transparência e credibilidade.

Dossiê: é a junção de vários materiais sobre determinado tema, destinado a jornalistas ou ao próprio assessorado.

Encontros fonte e jornalista: podem ser, por exemplo, visitas e almoços. É importante que o jornalista receba informações relevantes para uso imediato ou futuro.

Entrevistas coletivas: deve-se usar a entrevista coletiva apenas nos casos em que há a real necessidade de reunir jornalistas de vários veículos de comunicação. As informações transmitidas devem ser relevantes e de interesse público imediato, sendo útil em situações emergenciais, ou quando vários jornalistas procuram a instituição ao mesmo tempo. Cabe ao assessor avaliar cada situação para verificar se há a necessidade da realização de uma coletiva. Os seguintes aspectos devem ser considerados: horário compatível com as redações, local de fácil acesso, material de apoio suficiente, suporte necessário (como tomadas elétricas, iluminação adequada).

Fotos: podem ser feitas pelo próprio assessor, ou por um fotógrafo free lancer. As fotos têm diversas finalidades, além de acompanhar releases, são utilizadas em publicações, em relatórios e no site da empresa. É importante organizar um arquivo com o acervo fotográfico existente, para uma posterior utilização. O uso de máquinas fotográficas digitais facilita muito o trabalho. Além de agilizar o arquivamento, é facilmente anexada aos releases por correio eletrônico.

Jornal mural: é eficaz quando atualizado periodicamente e organizado de forma adequada. Sua vantagem é que, por um baixo custo, mantém os funcionários informados. Deve ser apresentado de maneira interessante, despertando a atenção e a curiosidade do público interno.

Levantamento de pautas: o assessor precisa estar bem informado sobre tudo que acontece em sua instituição, para poder verificar quais atividades poderão ser notícia. É importante conhecer agendas, projetos, iniciativas, campanhas, ações, etc. Uma boa saída pode ser realizar reuniões semanais com o assessorado, estabelecendo planejamento de curto prazo.

Mailing ou cadastro de jornalistas: é a listagem que contém dados sobre os jornalistas e os veículos de interesse (como e-mail, telefone, fax, site, etc). Para que sua eficiência seja mantida, é imprescindível a atualização constante. Existem empresas especializadas no fornecimento de dados sobre jornalistas.

Manuais: sua vantagem é que padroniza procedimentos, dando identidade à empresa, além de orientar a equipe e as fontes e ajudar na organização da circulação da informação. Os mais comuns dizem respeito à redação, editoração, relações com imprensa e apoio ao jornalista.

Nota oficial: texto enviado à imprensa como forma de declaração. É o posicionamento oficial ou esclarecimento sobre algum assunto relevante. Pode ser chamada de comunicado e pode ser veiculado de forma paga. É conveniente que o assessor intervenha na elaboração deste documento, para adequá-lo a uma linguagem simples e objetiva.

Pauta: é um assunto enviado a um ou mais jornalistas, com a clara intenção de virar notícia. Os veículos de comunicação avaliam a utilização da pauta de acordo com seus critérios jornalísticos. Boletim de sugestão de pauta: é o conjunto de assuntos enviados aos jornalistas em forma de newsletter ou em parágrafos. Exigem a busca, por parte do repórter, de detalhes complementares. Pauta exclusiva: acontece que o material é enviado a um jornalista específico que, particularmente, pode interessar-se pelo tema.

Planejamento: o assessor precisa saber claramente quais são os objetivos de comunicação do dirigente que o contratou. Sabendo disto, deve estabelecer metas e formas de alcançá-las, antecipando ações de curto, médio e longo prazo. Geralmente, o assessor de imprensa auxilia na elaboração do planejamento. Plano de comunicação: as entidades que possuem vários profissionais de comunicação precisam de um plano integrado e prospectivo. Pode ser originado de uma Política de Comunicação. O plano ajuda institucionalizar a comunicação, inserindo-a, efetivamente, à estrutura organizacional. Plano de divulgação jornalística: documento onde encontram-se as ações que devem orientar os materiais de divulgação e o relacionamento com a mídia. Plano para crises: orienta o setor de comunicação e demais funcionários, a como proceder em momentos de crise. Ajuda a controlar a situação e o impacto que uma crise pode causar.

Press-kit: é o conjunto de materiais informativos (como dados, CDs, disquetes, fotos, cópias de documentos e discursos, estatísticas, folhetos, artigos, etc), geralmente reunidos em pastas e enviado aos jornalistas durante entrevistas coletivas, coberturas, lançamentos e visitas. Fornecem grande quantidade de informações, buscando motivar o interesse pelo seu uso.

Publieditorial: o termo tem origem na junção das palavras publicidade e editorial. Refere-se ao material pago que é veiculado na mídia sob forma de matéria jornalística. Usam-se termos como “Informe Publicitário” para esclarecer que o conteúdo não é advindo da redação do veículo.

Relatórios: a elaboração de relatórios, ao término de determinados projetos e ações, ajuda os assessores na avaliação de seu trabalho. Podem ser descritos nos relatórios as atividades, os resultados, problemas enfrentados, análises, entre outros.

Release: é o material enviado aos veículos de comunicação como sugestão de pauta. Visa chamar a atenção dos jornalistas para um determinado assunto, para que este possa ser veiculado como notícia, de forma gratuita. É redigido seguindo padrões jornalísticos. Presume-se que o assunto do release seja de interesse público, embora contenha o ponto de vista da organização. É importante destacar que se trata de uma sugestão de pauta e, mesmo que, às vezes, seja utilizado na íntegra, não é uma notícia acabada. Cabe ao jornalista aprimorar a notícia.

Site: é bastante comum os assessores manterem (ou até mesmo criarem) sites na internet, onde são exibidas notícias da instituição destinadas aos jornalistas e ao público em geral. Um serviço bastante utilizado é o link “sala de imprensa”, o qual oferece informações aos jornalistas. O site pode ser usado como uma fonte regular de consulta, podendo ser empregado pelos jornalistas sem o contato direto com assessores. É ideal para serem colocados dados estatísticos, fotos, histórico, etc. A desvantagem é que, quando visível demais aos internautas, pode ser pouco usado por jornalistas.

Textos em geral: mesmo não sendo sua atribuição original, o assessor pode ajudar em textos como: discursos dos dirigentes, relatórios, folhetos, documentos, textos para palestras, entre outros. Áudio e vídeo: o assessor também deve ajudar na elaboração de textos para áudio e vídeo.

Treinamento para fontes (Media Training): são cursos oferecidos pelo assessor de imprensa, para “educar” seus assessoradas sobre como melhorar o atendimento à imprensa. O objetivo é mostrar, didaticamente, qual a maneira mais adequada de atender os jornalistas, especialmente em entrevistas. Os cursos geralmente abordam questões como postura, maneira de falar e interesses do jornalista. Com o passar do tempo, a ajuda do media training e as próprias experiências farão com que os assessorados tenham maior segurança e controle das situações em que estão em contato com a mídia. Esses treinamentos podem ser terceirizados, porém os resultados costumam ser bastante satisfatórios quando o próprio AI realiza o curso, já que este conhece melhor a realidade do seu cliente.

Veículos jornalísticos institucionais: envolvem diretamente o trabalho do assessor de imprensa, mesmo quando terceirizados. São instrumento de informações para os mais diversos públicos, podendo, inclusive, servir de pauta aos jornalistas. Um aspecto atual é que, com a popularização da internet, muitas instituições disponibilizam seus informativos por meio digital, enviando por e-mail aos interessados, ou anexando ao próprio site.

Visitas dirigidas: visam aproximar jornalistas e organização. É um meio eficiente para o jornalista se interessar pela instituição e obter dados sobre a mesma. Nem sempre o objetivo é a publicação de releases de maneira imediata. Embora possa acontecer, por exemplo, quando a instituição paga uma visita aos jornalistas em uma nova filial. Contudo, o objetivo principal deve ser sempre o aprimoramento da relação mídia/organização.

É claro que o trabalho da assessoria de imprensa vai depender dos objetivos de quem a contrata e da própria estrutura (recursos humanos, técnicos e materiais) que a AI possui. Muitos dos serviços listados acima são incompatíveis com as disponibilidades de algumas assessorias (ou não condizem com a expectativa do cliente), o que não significa que, no todo, o trabalho seja prejudicado. O importante é o assessor conseguir realizar suas ações com competência, dentro de suas condições.
.............................
REFERÊNCIA

DUARTE, Jorge (Org). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2003. 411 p.

Assessoria interna e externa


Dependendo do tamanho da organização, do volume de trabalho, dos objetivos esperados com a assessoria de imprensa e da verba disponível, as instituições podem optar por um serviço de assessoria interno (dentro da organização e subordinada às regras da mesma) ou externo (agência terceirizada contrata pela empresa). Há, ainda, a possibilidade de a empresa possuir um departamento de comunicação interno e recorrer a uma agência terceirizada em ocasiões especiais, quando o fluxo de trabalho exigir.

Decidir entre ter uma assessoria de imprensa interna ou externa implica conhecer as características dos dois tipos de serviço. É necessário que o assessorado esteja consciente de que cada um dos dois modelos possui características diferentes. Além disso, um pode apresentar vantagens em relação ao outro, conforme a ocasião.

Entre os benefícios de se optar por uma assessoria interna, está o fato de o assessor conhecer melhor a instituição para a qual trabalha. Por estar diariamente envolvido com a empresa, o assessor acaba conhecendo características da mesma que não conheceria se estivesse fora. O conhecimento de peculiaridades da instituição pode ajudar no trabalho de AI. Outro aspecto é que, atuando internamente, o assessor tem mais condições de reconhecer informações que podem vir a ser aproveitadas como notícia. Outra vantagem é a maior relação e aproximação com os demais colegas. Este fato permite que as relações se permeiem com mais confiança e credibilidade. Mais um proveito de se optar pela AI interna é quanto à aproximação física com a chefia. Esta proximidade facilita o curso de informações e a rapidez nas respostas.

Quanto às vantagens de uma assessoria externa, está a diminuição nos gastos e a possibilidade de contratar serviços de assessores que, por atenderem também outras empresas, têm visão diferenciada do mercado. Torquato assegura que a organização que opta pela terceirização “ganha em profissionalismo, em flexibilidade e na compreensão mais sistêmica do meio ambiente.” (2002, p. 94). Para o autor, as empresas ganham também no aspecto da neutralidade. Isto porque, sendo externa, a AI atende todos os setores da empresa de maneira imparcial, já que não está subordinada a um departamento específico.

Chinem (2003) traz outra vantagem da AI externa: o distanciamento dos problemas rotineiros e das tarefas burocráticas. Viveiros e Eid consideram a terceirização dos serviços de AI uma tendência definitiva no Brasil. Eles argumentam que “o processo de terceirização da comunicação cresce muito no país, o que possibilita a contratação de empresas de alto nível para a realização destas tarefas tão fundamentais, com ganho em economia e qualidade.” (2007, p. 48). Eles analisam que “por maior que seja uma organização, dificilmente terá o know-how na área da comunicação que tem uma empresa especializada.” (Idem).

Cabe ao assessorado fazer uma análise de suas necessidades, de suas espectativas e de seu orçamento. Só assim poderá optar com mais segurança pelo trabalho de assessoria de imprensa interno ou externo. Cada instituição possui fluxos de trabalho específicos e, por conseqüência, demandas diferenciadas com relação ao serviço de comunicação. É indispensável que estas características sejam levadas em consideração, para não correr-se o risco de prejudicar o trabalho do assessor e de não obter os objetivos esperadas.
.......................
REFERÊNCIAS

CHINEM, Rivaldo. Assessoria de imprensa: como fazer. São Paulo: Summus, 2003. 184 p.

EID, Marco Antonio; VIVEIROS, Ricardo. O signo da verdade: assessoria de imprensa feita por jornalistas. São Paulo: Summus, 2007. 158 p.

TORQUATO, Gaudêncio. Tratado de comunicação organizacional e política. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. 303 p.

AI não é publicidade


Uma instituição, de qualquer ramo, pode ocupar dois tipos de espaço nos veículos de comunicação: o comercial e o editorial. Lopes (2000) explica que, o primeiro termo refere-se à publicidade, imediatamente identificada pelo público do veículo como comunicação paga. Já o espaço editorial abrange as matérias de cunho puramente jornalístico, que podem dizer respeito às atividades e novidades de uma organização.
Uma das principais diferenças é que, por se tratar de uma forma de comunicação paga, a publicidade tem espaço garantido na mídia. O anúncio da empresa é colocado com o destaque desejado, na forma pretendida e é divulgado exatamente como e quando a instituição quer.
Ao contrário, o espaço editorial, adquirido através do esforço do assessor de imprensa, não é pago. “Sua conquista é fruto de um bom relacionamento com a imprensa e da capacidade da empresa de gerar dados de interesse da população.” (LOPES, 2000, p.34). Desta maneira, o espaço não é garantido. E mesmo quando o veículo de comunicação decidir publicar a notícia, esta dificilmente terá o tamanho e o destaque desejado, e não corresponderá, necessariamente, aos anseios da organização.

Sobre a vantagem do espaço editorial, Lopes defende que

Uma das grandes virtudes do espaço editorial conquistado, por menor que seja, é
ser reconhecido pelo público como a verdade, uma informação qualificada da
imprensa, isenta de qualquer dado de favorecimento à empresa. Portanto, é neste
espaço que se constrói definitivamente a credibilidade de uma empresa e de suas
marcas. (Idem).

As duas áreas, assessoria de imprensa e publicidade, são igualmente importantes para qualquer empresa. Embora com fins diferentes, as duas devem conviver em parceria. Mais do que possível, esta convivência é, para Chinem “salutar do ponto de vista prático, porque um anúncio bem feito pode gerar notícia em uma companhia.” (2003, p.19-20). Ou seja, as áreas podem (e devem) complementar-se.

Para evitar constrangimentos, e equívocos, os profissionais de comunicação têm a obrigação de saber as principais diferenças entre o trabalho do assessor de imprensa e do publicitário. Os papéis devem estar bem definidos, e entendidos por todos, para o fortalecimento das duas partes e crescimento da instituição `a qual são subordinadas.

A relação abaixo, baseada em Eid e Viveiros (2007) e em Lopes (2000), apresenta as principais diferenças entre a matéria jornalística e o espaço publicitário.

MATÉRIA JORNALÍSTICA
- Assessoria de Imprensa
- Espaço não pago
- Matéria editorial
- Com a palavra, a imprensa
- Espaço, destaque, momento e mensagem fora do controle da empresa
- A empresa fornece apenas a informação: não controla o resultado
- Interesse público
- Credibilidade
ESPAÇO PUBLICITÁRIO
- Departamento de publicidade
- Espaço pago
- Anúncio
- Com a palavra, a empresa
- Espaço, destaque, momento e mensagem absolutamente controlados
- A empresa controla todo o processo, até a publicação
- Interesse publicitário
- Divulgação
...................................................................
REFERÊNCIAS

EID, Marco Antonio; VIVEIROS, Ricardo. O signo da verdade: assessoria de imprensa feita por jornalistas. São Paulo: Summus, 2007. 158 p.

LOPES, Marilene. Quem tem medo de ser notícia? 2000.

CHINEM, Rivaldo. Assessoria de imprensa: como fazer. São Paulo: Summus, 2003. 184 p.

AI: função de jornalista ou RP?

Na história da evolução da assessoria de imprensa, existem dois fatores que diferenciam o caso brasileiro do restante do mundo. O primeiro é temporal; a importância da AI foi sentida no Brasil, na iniciativa privada, quando já estava consolidada nos EUA e na Europa. A segunda grande diferença é que, no país, a relação com a imprensa é feita, geralmente, por jornalistas, e não por relações públicas, como ocorre em outros locais.

De acordo com Moutinho e Souza (2003), na União Européia, a AI é considerada incompatível com a atividade de jornalista. Os autores trazem como exemplo o que ocorre em Portugal. Neste país, o jornalista que deseja atuar como assessor deve ter seu registro profissional de jornalista suspenso.

Como cita Duarte (2008), tanto o trabalho de relacionamento com a mídia, quanto o de edição de publicações jornalísticas empresariais, são originariamente exercidos por relações públicas. No Brasil, porém, as atividades passaram a ser executadas essencialmente por jornalistas a partir da restrição no mercado e pelo crescente interesse das instituições em profissionais que tivessem acesso facilitado nas redações.

O debate sobre qual seria o profissional mais capacitado a assumir as assessorias de imprensa (jornalistas ou relações públicas) é, ainda hoje, pauta de discussões. O assunto gera controvérsias entre os teóricos da área e ainda não se chegou a um consenso.

Duarte (2008) pontua que, a ocupação do mercado de assessorias e publicações empresariais, por jornalistas, começa a ser ampliado nos anos 80, quando o relações públicas vê diminuídas suas possibilidades de atuar na área. Entre os motivos apontados pelo autor estão o preconceito com que os RPs eram vistos nas redações (o RP teria dificuldade em entender os interesses da imprensa). E o fato de os jornalistas encontrarem na AI um novo mercado, que proporcionava melhores condições de trabalho e mais alta remuneração.

É fato que a área de relações públicas é abrangente e diz respeito à “informação de caráter institucional entre a entidade e o público através dos meios de comunicação.” (DUARTE, 2003, p.92). Porém, ainda na década de 80, a Associação Brasileira de Imprensa, e sindicatos de jornalistas, firmaram que a relação com a imprensa e a edição de produtos noticiosos, mesmo que institucionais, são cargos exclusivos de jornalista.

No ano de 1984 o então presidente da Fenaj, Audálio Dantas, anunciou, durante o I Encontro Nacional dos Jornalistas em Assessoria de Imprensa, o acordo que tinha estabelecido com a presidente do Conselho Nacional de Relações Públicas (Conrep), Vera Giagrande. “Pelo acordo, a área de RP aceitava ceder aos jornalistas a reserva de mercado da assessoria de imprensa.” (CHAPARRO, 2003, p.46).

A partir de então, a Fenaj tomou para si o papel de regular e orientar a AI. Em 1986 a Federação lançou o Manual de Assessoria de Imprensa (atualizado em 1994 e 2007). Duarte acredita que o manual “tornou-se referência histórica ao legitimar e balizar a prática do jornalismo especializado em assessoramento de imprensa, até orientando que a produção de publicações seria um de seus produtos.” (2003, p.92).

O autor pondera que a ocupação de jornalistas no cargo de AI, mais do que aceita, foi estimulada na imprensa “no momento em que se faziam críticas à competência dos relações públicas para exercer a função.” (Idem). Já que os jornalistas tinham maior facilidade em compreender os mecanismos de funcionamento e os interesses dos veículos de comunicação, conquistaram o mercado de AI.

Segundo o Manual de Assessoria de Imprensa, a AI é função de jornalista profissional. A afirmação é justificada pela Fenaj através da Regulamentação da Profissão de Jornalistas, (Decreto n.º 83284 de 13 de março de 1979), na qual são sublinhados os seguintes tópicos (2007, p.12):

Art. 1o. - É livre, em todo território nacional, o exercício da profissão de
Jornalista, aos que satisfizerem as condições estabelecidas neste
Decreto.
Art. 2o. - A profissão de Jornalista compreende, privativamente, o
exercício habitual e remunerado de qualquer das seguintes atividades:
I -
redação, condensação, titulação, interpretação, correção ou coordenação de
matéria a ser divulgada, contenha ou não comentário;
II - comentário ou
crônica, por meio de quaisquer veículos de comunicação;
III - entrevista,
inquérito ou reportagem, escrita ou falada;
IV - planejamento, organização,
direção e eventual execução de serviços técnicos de Jornalismo, como os de
arquivo, ilustração ou distribuição gráfica de matéria a ser divulgada;
(*)
Entenda-se também release
V - planejamento, organização e administração
técnica dos serviços de que trata o item I;
VI - ensino de técnica de
jornalismo;
VII - coleta de notícias ou informações e seu preparo para
divulgação;
VIII - revisão de originais de matérias jornalísticas, com vista
à correção redacional e à adequada da linguagem;
IX - organização e
conservação de arquivo jornalístico e pesquisa dos respectivos dados para
elaboração de notícias;
X - execução de distribuição gráfica de texto,
fotografia ou ilustração de caráter jornalístico, para fins de
divulgação;
(*) Entenda-se literalmente release.

Na década de 60, quando a legislação da profissão de jornalista e relações públicas foi definida, a assessoria de imprensa não foi abordada pois, na época não era considerada importante. Mesmo assim, para a Fenaj, não há dúvidas que a rotina do assessor de imprensa compete exclusivamente aos profissionais com formação em jornalismo.

Autores renomados, como Margarida Kunsch e Roberto de Castro Neves, defendem que o exercício compete ao relações públicas. Enquanto que importantes autores, que pesquisam a área específica de assessoria de imprensa, com Rivaldo Chinem, Boanerges Lopes, Elisa Kopplin, Luiz Artur Ferrareto e Maria Tereza Garcia advogam que é função de jornalista. Como se vê, as posições estão longes de serem unânimes.

Na compreensão de Duarte (2003), os repórteres e editores dos veículos de comunicação prezam pelo contato com os profissionais que saibam atender com competência as suas necessidades, não importando qual é sua formação. Porém destaca que, o contato com os jornalistas exige especialização, e nesse ponto os graduados em jornalismo levam vantagem.

O fato é que, por mais estranho que possa parecer em outros países, no Brasil é assumidamente aceito que jornalistas atuem como assessores. Inclusive é permitido que o profissional tenha dupla jornada de trabalho, servindo como jornalista em um turno e como assessor em outro. A tendência é que os jornalistas ocupem ainda mais esse cargo, já que a maioria das universidades abrange em seus currículos de jornalismo a disciplinas de AI.

O mercado parece mesmo estar a favor dos jornalistas, não diminuindo a importância dos RPs, que em alguns casos, dependendo de sua postura, podem até mesmo atuar com melhor desenvoltura na atividade de AI. Deixando de lado a preocupação com qual a melhor formação acadêmica, Duarte (2003) evidencia que “a atividade dos assessores de imprensa tem seu controle feito nas redações como um filtro e nelas é que a credibilidade e competência do profissional são testadas.” (Disponível na internet. URL: http://ww.comunicacaoempresarial.com.br. Acesso em 16 de abril de 2008).

Em 2006, o Portal Imprensa, divulgou pesquisa, feita juntamente com a Aberje e o website MaxPress, cujo resultado foi de que a assessoria de imprensa é trabalho para jornalista. Foram ouvidos 405 jornalistas de todo país, de um total de 16.713, selecionados a partir do mailing MaxPress, um dos mais completos cadastros de jornalista em atuação do Brasil.

A pesquisa mostrou que, para 77% dos entrevistados, o responsável pela assessoria de imprensa deve ser um jornalista. Apenas 13% acham que essa função deve ser exercida pelo relações públicas. Para 6% dos entrevistados, tanto faz. 2% preferem publicitários cuidando da assessoria de imprensa e outros 2% afirmam que não deve haver intermediário nesse tipo de serviço.

É fundamental observar que, por enquanto, ainda não existe uma legalização específica estabelecendo qual deve ser a formação acadêmica do assessor de imprensa. Por isso, a postura mais construtiva que o profissional de comunicação pode adotar é deixar de lado os preconceitos e esmerar-se na busca pela qualificação constante da categoria.
............................................................................
REFERÊNCIAS


DUARTE, Jorge (Org). Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2003. 411 p.

______. Assessoria de Imprensa, o caso brasileiro. Disponível na internet. URL: http:// http://www.comunicacaoempresarial.com.br/. Acesso em 16 de abril de 2008.

CHAPARRO, Manuel Carlos. Cem anos de assessoria de imprensa. In: DUARTE, Jorge. Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2003. 411 p.

Manual Nacional de Assessoria de Imprensa – Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ. Rio de Janeiro, 2007. Disponível na internet. URL: http:// http://www.fenaj.org.br/. Acesso em 02 de abril de 2008.

MOUTINHO, Ana Viale; SOUZA, Jorge Pedro. Assessoria de Imprensa na Europa. In: DUARTE, Jorge. Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2003. 411 p.