Dicas de Livros sobre AI

DUARTE, Jorge. Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2003. 411 p.

CHINEM, Rivaldo. Assessoria de imprensa: como fazer. São Paulo: Summus, 2003. 184 p.

______. Comunicação empresarial: teoria e dia-a-dia das assessorias de comunicação. São Paulo: Horizonte, 2006. 158 p.

DOTY, Dorothy. Divulgação jornalística/Relações Públicas. 5.ed. São Paulo: Cultura, 1995. 347 p.

EID, Marco Antonio; VIVEIROS, Ricardo. O signo da verdade: assessoria de imprensa feita por jornalistas. São Paulo: Summus, 2007. 158 p.

FERRARETTO, Luiz Artur; KOPPLIN, Elisa. Assessoria de imprensa: teoria e prática. 4.ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2001. 149 p.

GARCIA, Maria Tereza. A arte de se relacionar com a imprensa: como aprimorar o relacionamento com jornalistas e fortalecer a imagem de sua empresa. São Paulo: Novatec, 2004. 186 p.

LOPES, Boanerges. O que é assessoria de imprensa. São Paulo: (Coleção Primeiros Passos) Brasiliense, 2003. 91 p.

Manual Nacional de Assessoria de Imprensa – Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ. Rio de Janeiro, 2007. Disponível na internet. URL: http:// http://www.fenaj.org.br/. Acesso em 02 de abril de 2008.

______. Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ. 2.ed. Rio de Janeiro: Edição da CONJAI – Comissão Nacional dos Jornalistas em Assessoria de Imprensa, 1994.

TORQUATO, Gaudêncio. Tratado de comunicação organizacional e política. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. 303 p.

VILLELA, Regina. Quem tem medo da imprensa? Como e quando falar com jornalistas – Guia de mídia training. Rio de Janeiro: Campus, 1998. 124 p.

O que é ACS

O Manual Nacional de Assessoria de Imprensa, da Fenaj, 2007, estabelece que:

A ampliação das atividades das Assessorias de Imprensa nos últimos anos levou o profissional jornalista a atuar em áreas estratégicas das empresas, tornando-se um gestor de comunicação. E isso privilegiou a integração de outros profissionais – relações públicas, propaganda e publicidade – numa equipe multifuncional e eficiente.

Ao jornalista têm-se aberto oportunidades de atuar como estrategista na elaboração de planos de comunicação mais abrangentes. Esses planos devem privilegiar uma comunicação eficiente não apenas junto à imprensa, mas posicionando as organizações de forma a estabelecer uma interlocução com ética e responsabilidade social, comprometida com os valores da sociedade junto aos seus mais diversos públicos.

Nesse sentido as organizações podem contar com equipes de assessorias de comunicação internas ou terceirizadas, cujas funções são:

- criar um plano de comunicação (estabelecer a importância deste instrumento
tanto no relacionamento com a imprensa como os demais públicos internos e
externos);
- colaborar para a compreensão da sociedade do papel da
organização;
- estabelecer uma imagem comprometida com os seus públicos;
- criar canais de comunicação internos e externos que divulguem os valores
da organização e suas atividades;
- detectar o que numa organização é de
interesse público e o que pode ser aproveitado como material jornalístico;
- desenvolver uma relação de confiança com os veículos de comunicação;
- avaliar freqüentemente a atuação da equipe de comunicação, visando alcance de
resultados positivos;
- criar instrumentos que permitam mensurar os
resultados das ações desenvolvidas, tanto junto à imprensa como aos demais
públicos;
- preparar as fontes de imprensa das organizações para que atendam
às demandas da equipe de comunicação de forma eficiente e ágil.

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REFERERÊNCIA
Manual Nacional de Assessoria de Imprensa – Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ. Rio de Janeiro, 2007. Disponível na internet. URL: http:// http://www.fenaj.org.br/. Acesso em 02 de abril de 2008.

O que é AI

De acordo com o Manual Nacional de Assessoria de Imprena, da Fenaj, 2007, Assessoria de Imprensa é

Serviço prestado a instituições públicas e privadas, que se concentra no envio freqüente de informações jornalísticas, dessas organizações, para os veículos de comunicação em geral. Esses veículos são os jornais diários; revistas semanais, revistas mensais, revistas especializadas, emissoras de rádio, agências de notícias, sites, portais de notícias e emissoras de tevê.

Um trabalho continuado de Assessoria de Imprensa permitirá à empresa criar um vínculo de confiança com os veículos de comunicação e sedimentar sua imagem de forma positiva na sociedade. Nesse sentido, no Brasil, quem costuma coordenar esse tipo de serviço são profissionais formados em jornalismo. Eles é que determinam o que é ou não notícia para ser enviado para a imprensa.

Caso algum veículo de comunicação se interesse pelo assunto divulgado pela assessoria de imprensa utilizará o texto para publicar notas ou agendar entrevistas. Tanto a publicação de notas, como o agendamento de entrevistas e a publicação posterior de informações, são gratuitas. Chamamos de mídia espontânea. Não se paga por essa publicação. Se Paga para a assessoria trabalhar de forma a conseguir esse resultado.
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REFERERÊNCIA

Manual Nacional de Assessoria de Imprensa – Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ. Rio de Janeiro, 2007. Disponível na internet. URL: http:// http://www.fenaj.org.br/. Acesso em 02 de abril de 2008.

Código de Ética do Jornalista

Código de Ética do Jornalista Brasileiro
Aprovado por delegações de 23 estados, presentes no Congresso Extraordinário dos Jornalistas, realizado em Vitória (ES) de 3 a 5 de agosto de 2007.
Fonte: Fenaj
Capítulo I - Do direito à informação
Artigo 1º O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros tem como base o direito fundamental do cidadão à informação, que abrange seu o direito de informar, de ser informado e de ter acesso à informação.
Artigo 2º Como o acesso à informação de relevante interesse público é um direito fundamental, os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo de interesse, razão por que:

I - a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente de sua natureza jurídica - se pública, estatal ou privada - e da linha política de seus proprietários e/ou diretores.
II - a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público;
III - a liberdade de imprensa, direito e pressuposto do exercício do jornalismo, implica compromisso com a responsabilidade social inerente à profissão;
IV - a prestação de informações pelas organizações públicas e privadas, incluindo as não-governamentais, é uma obrigação social.
V - a obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação, a aplicação de censura e a indução à autocensura são delitos contra a sociedade, devendo ser denunciadas à comissão de ética competente, garantido o sigilo do denunciante.
Capítulo II - Da conduta profissional do jornalista
Artigo 3º O exercício da profissão de jornalista é uma atividade de natureza social, estando sempre subordinado ao presente Código de Ética.
Artigo 4º O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, razão pela qual ele deve pautar seu trabalho pela precisa apuração e pela sua correta divulgação.
Artigo 5º É direito do jornalista resguardar o sigilo da fonte.
Artigo 6º É dever do jornalista:
I - opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos;
II - divulgar os fatos e as informações de interesse público;
III - lutar pela liberdade de pensamento e de expressão;
IV - defender o livre exercício da profissão;
V - valorizar, honrar e dignificar a profissão;
VI - não colocar em risco a integridade das fontes e dos profissionais com quem trabalha;
VII - combater e denunciar todas as formas de corrupção, em especial quando exercidas com o objetivo de controlar a informação;
VIII - respeitar o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão;
IX - respeitar o direito autoral e intelectual do jornalista em todas as suas formas;
X - defender os princípios constitucionais e legais, base do estado democrático de direito;
XI - defender os direitos do cidadão, contribuindo para a promoção das garantias individuais e coletivas, em especial as das crianças, dos adolescentes, das mulheres, dos idosos, dos negros e das minorias;
XII - respeitar as entidades representativas e democráticas da categoria;
XIII - denunciar as práticas de assédio moral no trabalho às autoridades e, quando for o caso, à comissão de ética competente;
XIV - combater a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais, econômicos, políticos, religiosos, de gênero, raciais, de orientação sexual, condição física ou mental, ou de qualquer outra natureza.
Artigo 7º O jornalista não pode:
I - aceitar ou oferecer trabalho remunerado em desacordo com o piso salarial, a carga horária legal ou tabela fixada por sua entidade de classe, nem contribuir ativa ou passivamente para a precarização das condições de trabalho;
II - submeter-se a diretrizes contrárias à precisa apuração dos acontecimentos e à correta divulgação da informação;
III - impedir a manifestação de opiniões divergentes ou o livre debate de idéias;
IV - expor pessoas ameaçadas, exploradas ou sob risco de vida, sendo vedada a sua identificação, mesmo que parcial, pela voz, traços físicos, indicação de locais de trabalho ou residência, ou quaisquer outros sinais;
V - usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime;
VI - realizar cobertura jornalística para o meio de comunicação em que trabalha sobre organizações públicas, privadas ou não-governamentais, da qual seja assessor, empregado, prestador de serviço ou proprietário, nem utilizar o referido veículo para defender os interesses dessas instituições ou de autoridades a elas relacionadas;
VII - permitir o exercício da profissão por pessoas não-habilitadas;
VIII - assumir a responsabilidade por publicações, imagens e textos de cuja produção não tenha participado;
IX - valer-se da condição de jornalista para obter vantagens pessoais.
Capítulo III - Da responsabilidade profissional do jornalista
Artigo 8º O jornalista é responsável por toda a informação que divulga, desde que seu trabalho não tenha sido alterado por terceiros, caso em que a responsabilidade pela alteração será de seu autor.
Art 9º A presunção de inocência é um dos fundamentos da atividade jornalística.
Artigo 10. A opinião manifestada em meios de informação deve ser exercida com responsabilidade.
Artigo 11. O jornalista não pode divulgar informações:
I - visando o interesse pessoal ou buscando vantagem econômica;
II - de caráter mórbido, sensacionalista ou contrário aos valores humanos, especialmente em cobertura de crimes e acidentes;
III - obtidas de maneira inadequada, por exemplo, com o uso de identidades falsas, câmeras escondidas ou microfones ocultos, salvo em casos de incontestável interesse público e quando esgotadas todas as outras possibilidades de apuração;
Artigo 12. O jornalista deve:
I - ressalvadas as especificidades da assessoria de imprensa, ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, o maior número de pessoas e instituições envolvidas em uma cobertura jornalística, principalmente aquelas que são objeto de acusações não suficientemente demonstradas ou verificadas;
II - buscar provas que fundamentem as informações de interesse público;
III - tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar;
IV - informar claramente à sociedade quando suas matérias tiverem caráter publicitário ou decorrerem de patrocínios ou promoções;
V - rejeitar alterações nas imagens captadas que deturpem a realidade, sempre informando ao público o eventual uso de recursos de fotomontagem, edição de imagem, reconstituição de áudio ou quaisquer outras manipulações;
VI - promover a retificação das informações que se revelem falsas ou inexatas e defender o direito de resposta às pessoas ou organizações envolvidas ou mencionadas em matérias de sua autoria ou por cuja publicação foi o responsável;
VII - defender a soberania nacional em seus aspectos político, econômico, social e cultural;
VIII - preservar a língua e a cultura do Brasil, respeitando a diversidade e as identidades culturais;
IX - manter relações de respeito e solidariedade no ambiente de trabalho;
X - prestar solidariedade aos colegas que sofrem perseguição ou agressão em conseqüência de sua atividade profissional.
Capítulo IV - Das relações profissionais
Artigo 13. A cláusula de consciência é um direito do jornalista, podendo o profissional se recusar a executar quaisquer tarefas em desacordo com os princípios deste Código de Ética ou que agridam as suas convicções.Parágrafo único. Esta disposição não pode ser usada como argumento, motivo ou desculpa para que o jornalista deixe de ouvir pessoas com opiniões divergentes das suas.
Artigo 14. O jornalista não deve:
I - acumular funções jornalísticas ou obrigar outro profissional a fazê-lo, quando isso implicar substituição ou supressão de cargos na mesma empresa. Quando, por razões justificadas, vier a exercer mais de uma função na mesma empresa, o jornalista deve receber a remuneração correspondente ao trabalho extra;
II - ameaçar, intimidar ou praticar assédio moral e/ou sexual contra outro profissional, devendo denunciar tais práticas à comissão de ética competente;
III - criar empecilho à legítima e democrática organização da categoria.
Capítulo V - Da aplicação do Código de Ética e disposições finais
Artigo 15. As transgressões ao presente Código de Ética serão apuradas, apreciadas e julgadas pelas comissões de ética dos sindicatos e, em segunda instância, pela Comissão Nacional de Ética.
§ 1º As referidas comissões serão constituídas por cinco membros.
§ 2º As comissões de ética são órgãos independentes, eleitas por voto direto, secreto e universal dos jornalistas. Serão escolhidas junto com as direções dos sindicatos e da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), respectivamente. Terão mandatos coincidentes, porém serão votadas em processo separado e não possuirão vínculo com os cargos daquelas diretorias.
§ 3º A Comissão Nacional de Ética será responsável pela elaboração de seu regimento interno e, ouvidos os sindicatos, do regimento interno das comissões de ética dos sindicatos.
Artigo 16. Compete à Comissão Nacional de Ética:

I - julgar, em segunda e última instância, os recursos contra decisões de competência das comissões de ética dos sindicatos;
II - tomar iniciativa referente a questões de âmbito nacional que firam a ética jornalística;
III - fazer denúncias públicas sobre casos de desrespeito aos princípios deste Código;
IV - receber representação de competência da primeira instância quando ali houver incompatibilidade ou impedimento legal e em casos especiais definidos no Regimento Interno;
V - processar e julgar, originariamente, denúncias de transgressão ao Código de Ética cometidas por jornalistas integrantes da diretoria e do Conselho Fiscal da FENAJ, da Comissão Nacional de Ética e das comissões de ética dos sindicatos;
VI - recomendar à diretoria da FENAJ o encaminhamento ao Ministério Público dos casos em que a violação ao Código de Ética também possa configurar crime, contravenção ou dano à categoria ou à coletividade.
Artigo 17. Os jornalistas que descumprirem o presente Código de Ética estão sujeitos às penalidades de observação, advertência, suspensão e exclusão do quadro social do sindicato e à publicação da decisão da comissão de ética em veículo de ampla circulação.
Parágrafo único - Os não-filiados aos sindicatos de jornalistas estão sujeitos às penalidades de observação, advertência, impedimento temporário e impedimento definitivo de ingresso no quadro social do sindicato e à publicação da decisão da comissão de ética em veículo de ampla circulação.

Artigo 18. O exercício da representação de modo abusivo, temerário, de má-fé, com notória intenção de prejudicar o representado, sujeita o autor à advertência pública e às punições previstas neste Código, sem prejuízo da remessa do caso ao Ministério Público.

Artigo 19. Qualquer modificação neste Código só poderá ser feita em congresso nacional de jornalistas mediante proposta subscrita por, no mínimo, dez delegações representantes de sindicatos de jornalistas.
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Federação Nacional dos Jornalistas

O Brasil no novo contexto


Formalmente o Brasil faz parte da Sociedade da Informação desde 15 de dezembro de 1999, quando o então governo federal anunciou investimentos de cerca de R$ 3,4 bilhões na internet brasileira, durante quatro anos. O Programa Sociedade da Informação foi lançado através do Decreto n° 3.294/99, a sua coordenação está a cargo do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e seu detalhamento sob responsabilidade de um Grupo de Implantação, composto por representantes do governo, setor privado, comunidade acadêmica e terceiro setor.

No ano 2000, produziu-se no Brasil o Livro Verde, que é uma proposta do Programa Sociedade da Informação no Brasil (SocInfo). Este é um documento que reúne e organiza estudos sobre a realidade brasileira, apresentando as diretrizes de ação para a constituição da Sociedade da Informação no país. O Livro Verde servirá de base para a elaboração do Livro Branco, que será um plano definitivo de atividades para a implantação da nova sociedade no Brasil.

Considera-se que o país entrou com atraso na nova era, já que em outros países o salto tecnológico aconteceu no início da década de 90. Para Wainberg “são por demais evidentes os sinais de que atrasos eventuais na adequação do país às novas tecnologias de comunicação e informação significarão passo em falso rumo ao futuro.” (2000, p.13).

Sobre a expansão da internet no Brasil, Takahashi afirma que

A Internet brasileira teve grande impulso, primeiramente na comunidade cientifica e, logo após, como plataforma de expansão do setor privado, estando aberta também a serviços de natureza comercial desde 1995. Nas telecomunicações, houve privatização de todo o sistema brasileiro e a criação da Agencia Nacional de Telecomunicações (Anatel), fatores que estão permitindo maior e mais rápida disponibilidade de acesso aos meios de comunicação. (2002, p.23).

Takahashi analisa que a entrada do Brasil na Sociedade da Informação é possível, pois “existe uma sofisticada base tecnológica instalada no País e um considerável contingente de recursos humanos qualificados, abarcando desde pesquisa e desenvolvimento até fomento a empreendimentos.” (Idem). Dessa maneira, o Brasil possui os requisitos necessários da nova era.

O País dispõe, pois, dos elementos essenciais para a condução de uma iniciativa acional rumo à sociedade da informação. E a emergência do novo paradigma constitui, para o Brasil, oportunidade sem precedentes de prestar significativa contribuição para resgatar a sua dívida social, alavancar o desenvolvimento e manter uma posição de competitividade econômica no cenário internacional. (Idem).
É importante observar que a entrada do Brasil no novo contexto não é uma ação fácil, já que o país é marcado por profundos contrastes e desigualdades sociais. Mas Takahashi destaca que todos os países encontram, ou encontraram dificuldades no seu caminho rumo à sociedade da informação, pois o caminho é marcado por oportunidades e riscos. A certeza é que “todos os países caminham, voluntária ou involuntariamente, rumo à sociedade da informação.” (Idem, p.23).

Falando sobre a exclusão digital, Melo observa que a exclusão não é um problema comunicacional, é sim um problema de natureza sócio-econômica, um problema político. Ele diz que a exclusão existe desde o aparecimento da mídia e continua com a cibermídia. “Qualquer sociedade que possui excluídos do bem-estar social, evidentemente conta um grande número de excluídos midiáticos.” (2002, p.37).

Para Melo, a sociedade da informação tem prós e contras. Como aspecto positivo ele cita a geração de empregos, a socialização do conhecimento, a democratização cultural e otimização do tempo livre, além de na esfera política, fortalecer a cidadania através das informações que circulam na web. Como aspectos negativos, o autor cita a monopolização econômica e o perigo da privatização do conhecimento. De acordo com ele, a sociedade da informação tem atuado como instrumento que amplia o distanciamento entre classes e povos. “Estamos falando de uma muralha digital entre o norte e o sul, entre pobres e ricos e, por outro lado, também, entre povos super-informados e sub-informados.” (Idem, p.40).

Sobre esta questão Peruzzo diz que “o acesso é desigual gerando novas categorias sociais, como as dos conectados e não conectados, dos incluídos e dos excluídos do acesso às redes digitais.” (2002, p.46). Por outro lado, a autora acredita que um ponto positivo da internet é que

[...] traz a possibilidade de alterar o sistema convencional de tratamento da informação, antes atividade por excelência concentrada nos agentes profissionais vinculados à mídia tradicional, ao viabilizar a produção de conteúdos endógenos e sua transmissão, sem fronteiras, pelos próprios agentes sociais. (Idem, p.46).

Ela diz ainda que a vantagem das pessoas emitirem conteúdos de maneira ilimitada e sem controle externo, como na mídia tradicional, é “o grande potencial revolucionário que o mundo coloca a serviço da humanidade.” (Idem, p.50). Mas para que este estágio seja alcançado ainda há um longo caminho a ser percorrido rumo ao alcance de todos à tecnologia. Peruzzo observa que

[...] tornar a Internet de todos para todos, coerentemente com o espírito do Livro Verde, implica criar condições para o acesso público dos cidadãos às redes digitais, porém não apenas o acesso aos suportes tecnológicos necessários, mas também a capacitação das pessoas para tornarem-se usuárias ativas, ou seja, não somente receptoras, mas também emissoras de conteúdos. (2002, p.50, grifo do autor).

Barbosa expressa a mesma opinião quando diz que a questão não é apenas colocar a tecnologia ao alcance de todos, “é preciso que os usuários tenham nível de alfabetização suficiente para poder responder aos princípios de uma interatividade e de uma real fluidez da comunicação.” (2002, p.120).

Apesar das diferenças econômicas e sociais do Brasil, pode-se dizer que o país, aos poucos, está aderindo às novas tecnologias de informação. Isso deve-se a esforços de várias organizações que estão levando o computador e a internet ao alcance de um número cada vez maior de brasileiros. Na prática, os resultados podem ser vistos, já que a cada ano a porcentagem de pessoas conectadas aumenta.

Para Wainberg (2000), o Brasil começa a embarcar conscientemente em direção às formas competentes de conexão com o mundo através do surgimento da internet em 1989, e da internet 2, em 1992, sendo que a não adesão ao novo contexto seria um erro estratégico. Segundo estatísticas apresentadas pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, 21,43% dos domicílios brasileiros possuem acesso à internet atualmente.
Dados atuais sobre a posição do Brasil no mundo, e nas Américas, por número de hots, podem ser encontradas no site do Comitê Gestor da Internet no Brasil, http://www.cgi.br

Um último ponto a ser analisado é que, além de suas residências, as pessoas possuem fontes externas de acesso à internet, como a escola e o trabalho, por exemplo. Isso é um fator determinante no crescimento do consumo da internet no Brasil. Mais do que nunca o homem recorre à tecnologia como auxiliar na busca pelo conhecimento que necessita. Já que cresce as possibilidades de comunicação, bem como o seu acesso é cada vez maior, aumenta a responsabilidade dos profissionais de comunicação, principalmente dos jornalistas, que são os mediadores entre as informações e o público receptor das mensagens.
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REFERÊNCIAS
Disponível na internet. URL: http://www.cgi.com.br. Acesso em outubro 2007
WAINBERG, Jacques A. Sociedade da Informação e o Brasil. In: KOVARICK, Adriana Coelho Borges. Tendências na Comunicação. Porto Alegre: L&PM, 2000.
PERUZZO, Cecília M. Krohling. Sociedade da Informação no Brasil: desafios de tornar a internet de todos para todos. In: PERUZZO, Cecília, BRITTES, Juçara (Org). Sociedade da Informação e Novas Mídias: participação ou exclusão?. São Paulo: INTERCOM, 2002.
BARBOSA, Marialva. Revolução, Espaço e Tempo: breves reflexões sobre um mundo tecnológico. In: PERUZZO, Cecília, BRITTES, Juçara (Org). Sociedade da Informação e Novas Mídias: participação ou exclusão?. São Paulo: INTERCOM, 2002. 139 p.
MELO, José Marques de. A muralha digital: desafios brasileiros para construir uma sociedade do conhecimento. In: PERUZZO, Cecília, BRITTES, Juçara (Org). Sociedade da Informação e Novas Mídias: participação ou exclusão?. São Paulo: INTERCOM, 2002. 139 p.
TAKAHASHI, Tadao. Sociedade da Informação. In: PERUZZO, Cecília, BRITTES, Juçara (Org). Sociedade da Informação e Novas Mídias: participação ou exclusão?. São Paulo: INTERCOM, 2002. 139 p.

Relações Públicas

De acordo com o Sindicato dos Profissionais Liberais de Relações Públicas, o trabalho de RP pode ser definido como função administrativa que “avalia as atitudes públicas, identifica as diretrizes e a conduta individual ou da organização na busca do interesse público, e planeja e executa um programa de ação para conquistar a compreensão e a aceitação públicas.” (Disponível na internet. URL: http:// http://www.sinprorp.org.br/. Acesso em 13 de abril de 2008).

Ainda de acordo com o sindicato, a atividade-fim de RP é planejar, implantar e desenvolver a interação com os diferentes públicos da organização para a qual atua. O RP deve ordenar o relacionamento da instituição com estes públicos, gerando um conceito favorável, capaz de gerar credibilidade para a opinião pública.

O sindicato distingue a área de RP da área de marketing afirmando que, enquanto o marketing trabalha o produto e sua promoção, focando a marca, o relações públicas concentra-se na identidade institucional, focando a imagem.

Pela lei brasileira, o profissional de RP precisa ser formado em curso de nível superior e ter registro no conselho da categoria. A legislação que abrange a regulamentação da profissão é a seguinte: Lei 5.377, de 11 de dezembro de 1967; Decreto 63.283, de 26 de setembro de 1968; Decreto-Lei 860, de 11 de setembro de 1969; Decreto 68.582, de 04 de maio de 1971; Lei 7.192, de 05 de junho de 1984 e Lei 7.197, de 14 de junho de 1984.

Segundo o website Mundo RP, as atividades básicas e específicas de um profissional de relações públicas estão contidas em cinco segmentos: Pesquisa, Assessoria e Consultoria, Planejamento, Execução e Avaliação. (Disponível na internet. URL: http:// http://www.mundorp.com.br/. Acesso em 13 de abril de 2008).

No âmbito da Pesquisa, cabe ao RP promover pesquisas de opinião pública e de audiência; analisar e diagnosticar resultados; definir os públicos da empresa e detectar situações que possam vir a afetar a imagem da organização junto à opinião pública.

Na esfera da Assessoria e Consultoria, é responsabilidade do relações públicas sugerir políticas de RP à instituição; propor políticas de propaganda institucional e apoio ao marketing e opinar sobre atitudes no tratamento com os setores da opinião pública.

No campo de Planejamento, é função do profissional auxiliar na elaboração do planejamento estratégico de comunicação para a entidade em que atua; preparar planos, campanhas e operações de relações públicas e prestar ajuda nas campanhas institucionais.

O campo de Execução está dividido em cinco subitens. O primeiro diz respeito à comunicação com os públicos estratégicos. O segundo refere-se às ações de comunicação dirigida, como elaboração de publicações; organização de congressos, conferências, simpósios; elaboração de quadros de aviso, exposições, mostras; organização de visitas; preparação de discursos, correspondências; contato com autoridades. O terceiro subitem cita a organização de eventos e promoções especiais, com elaboração de cerimonial e protocolo. O penúltimo subitem relaciona-se com a gerência de assuntos públicos. E o último trata do auxílio ao contato com a imprensa. Por fim, o item Avaliação, aborda que, cabe ao relações públicas avaliar, com técnicas de pesquisa e análise, os resultados dos trabalhos desenvolvidos.

De acordo com Rabaça e Barbosa, a função de relações públicas é também uma atividade administrativa, pois “transmite e interpreta as informações de uma entidade para os seus diferentes públicos, bem como retorna com informações quanto ao interesse público, para que a administração possa ajustar-se a ela (...).” (2001, p. 634). O Dicionário de Comunicação estabelece o seguinte gráfico para orientar o fluxo de trabalho de um RP:


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REFERÊNCIAS

Disponível na internet. URL: http:// http://www.sinprorp.org.br/. Acesso em 13 de abril de 2008.
Disponível na internet. URL: http:// http://www.mundorp.com.br/. Acesso em 13 de abril de 2008.
RABAÇA, Carlos Aberto; BARBOSA, Gustavo. Dicionário de Comunicação. 2003.

Nova Era: Sociedade da Informação


Todas as mudanças sociais, que surgiram principalmente devido ao acelerado avanço das tecnologias, fazem com que seja necessária a quebra de antigos paradigmas e absorção de novos conceitos. “Uma das formas de pensar a realidade é através da ruptura do pensamento analógico e incorporação do pensamento digital.” (LIMA, 2000, p.2).

A possibilidade de “viajar” pelo planeta sem sair de casa, ter acesso às mais variadas informações de forma multimídia, ser capaz de trocar mensagens instantaneamente com pessoas de qualquer país eram atividades impensáveis há pouco tempo atrás. Atualmente, porém, tornaram-se atividades corriqueiras.
Rapidamente nos adaptamos a essas novidades e passamos – em geral, sem uma percepção clara nem maiores questionamentos – a viver na Sociedade da Informação, uma nova era em que a informação flui a velocidades e em quantidades há apenas poucos anos inimagináveis, assumindo valores sociais e econômicos fundamentais. (TAKAHASHI, 2002, p.16).
Unido à internet “o telefone celular ocupa um lugar de destaque no processo de comunicação, juntamente com o computador, como agenciador do processo de mudança sociocultural que estamos passando.” (LIMA, 2000, p.41). Alguns autores consideram a comunicação antes e depois da internet e do celular, devido à importância que os dois aparatos representam para o processo de comunicação. Com o advento destas tecnologias “não existem limitações para o processo de comunicação humana.” (Idem).

Takahashi (2002) atribui a origem das transformações vigentes a três fenômenos inter-relacionados. O primeiro é a convergência da base tecnológica pela qual pode-se representar e processar todos os tipos de informações de uma única forma, a digital. O segundo aspecto refere-se à dinâmica da indústria, que vem proporcionando queda no valor dos computadores, permitindo o acesso a maior número de pessoas. O último fator na base desta revolução é o crescimento da Internet.

É evidente que o mundo vive uma nova era, a Sociedade da Informação. Entender o que este novo momento representa para a comunicação e para o mundo é essencial. De acordo com Takahashi

A sociedade da informação não é um modismo [...]. É um fenômeno global com elevado potencial transformador das atividades sociais e econômicas, uma vez que a estrutura e a dinâmica dessas atividades inevitavelmente serão, em alguma medida, afetadas pela infra-estrutura de informações disponível. É também acentuada sua dimensão político-econômica, decorrente da contribuição da infra-estrutura de informações para que as regiões sejam mais ou menos atraentes em relação aos negócios e empreendimentos [...]. Tem ainda marcante dimensão social, em virtude do seu elevado potencial de promover a integração, ao reduzir as distancias entre pessoas e aumentar o seu nível de informação. (Idem, p.22).

Segundo Castells, são cinco as principais características que formam a base material da sociedade da informação. A primeira é que sua matéria-prima é a informação; “são tecnologias para agir sobre a informação, não apenas informação para agir sobre a tecnologia”. A segunda característica diz respeito à “penetrabilidade dos efeitos das novas tecnologias”, ou seja, já que a informação é parte inerente ao homem, este é moldado pelas tecnologias. Como terceiro aspecto o autor cita a “lógica de redes”, já que, graças a esta lógica, a rede agora pode ser introduzida de forma material em todos os processos e organizações. Castells afirma que sem as redes “tal implantação seria bastante complicada”. Em quarto lugar está a capacidade de “flexibilidade”, isso quer dizer que o que diferencia o atual paradigma tecnológico é a sua possibilidade de reconfiguração, tão importante frente a uma sociedade marcada por constantes mudanças. A quinta característica refere-se à “convergência de tecnologias específicas para um sistema altamente integrado”, onde todos os meios são acoplados a um único sistema de informação. (1999, p.108-110, grifos do autor).

Em resumo, o paradigma da tecnologia da informação não evolui para seu fechamento como um sistema, mas rumo a abertura como uma rede de acessos múltiplos. É forte e impositivo em sua materialidade, mas adaptável e aberto em seu desenvolvimento histórico. Abrangência, complexidade e disposição em forma de rede são seus principais atributos. (Idem, p.113).

Castells introduziu o conceito de rede para referir-se à Sociedade da Informação. Dessa maneira, em sua visão, a sociedade, ou seja o mundo, está interligado através de redes. Ele diz que “como tendência histórica, as funções e os processos dominantes na era da informação estão cada vez mais organizados em torno de redes.” (Idem, p.562). O autor define rede da seguinte maneira “é um conjunto de nós interconectados [...] Nó é o ponto no qual uma curva se entrecorta.” (Idem, p.566).

Ele explica ainda que “redes são estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que consigam comunicar-se dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de comunicação.” (Idem, p.566). Dessa maneira Castells afirma que “a inclusão/exclusão em redes e a arquitetura das relações entre redes, possibilitadas por tecnologias da informação que operam à velocidade da luz, configuram os processos e funções predominantes em nossas sociedades.” (Idem).

Na visão de Trivinho, são cinco as principais características das redes:

Na comparação entre a malha da imprensa escrita do século XIX e as redes do jornalismo na segunda metade deste século, foram lançadas as cinco principais características das redes: por se embasarem em tecnologias comunicacionais, são aterriotoriais, isto é, prescindem do território geográfico, desconhecendo, portanto, fronteiras nacionais; invisíveis, logo imateriais e impalpáveis (só podem ser conhecidas por seus efeitos); altamente velozes, permitindo uma circularidade absoluta de dados, notícias, imagens, modelos, publicidade, monólogos, diálogos, entretenimento, humorismo, etc.; interativas, ensejando trocas simultâneas com qualquer parte do mundo; e, hoje, plenamente saturadas. (1998, p.21, grifo nosso).

Segundo Vanzo, a Sociedade da Informação só é possível devido à velocidade com que cresce o conhecimento humano. De acordo com o autor as inovações científicas e tecnológicas fazem com que surjam cenários favoráveis à realização do homem. “Uma vez integradas em nossas vidas, estas descobertas e tecnologias nos permitirão experimentar novas possibilidades que, no seu ápice, irão gerar novas demandas para novas descobertas.” (2000, p.20).

Castells também atribui a nova era ao crescente conhecimento humano que conseqüentemente, faz com que sejam desenvolvidas novas tecnologias, gerando mudanças constantes.

A convergência da evolução social e das tecnologias da informação criou uma nova base material para o desempenho de atividades em toda a estrutura social. Essa base material construída em redes define os processos sociais predominantes, conseqüentemente dando forma à própria estrutura social. (1999, p.567).

O autor assegura que os processos de transformações sociais da sociedade em rede afetam profundamente a cultura e a concepção de poder, sendo que, atualmente, “formação de imagem é geração de poder.” (Idem, p.572). Vanzo chega a afirmar que a informação e o conhecimento são os mais valiosos e poderosos recursos desta nova era. “Se antes a terra e depois o capital eram fatores decisivos da produção, hoje o fator decisivo é, cada vez mais, o homem em si.” (2000, p.21). Esta realidade afeta diretamente o cenário empresarial. “Os ativos fundamentais para o negócio passaram a ser a marca, o conhecimento, a tecnologia e as pessoas.” (Idem).

Já que cresce o conhecimento humano, o número de informações disponíveis na internet também aumenta de maneira exponencial. Para Lima, “nos defrontamos com um ambiente que desenvolveu meios para divulgar, democraticamente, mais e mais informações, gerando uma sobrecarga de dados disponíveis jamais vista na história da Humanidade.” (2000, p.2). Por esse motivo, “hoje um dos maiores problemas com que nos defrontamos no meio ambiente já não é a falta de informação, mas sim a seleção adequada ou filtragem daquela que pode nos ser efetivamente útil.” (Idem).

Enfim, pode-se dizer que a revolução atual se difere das anteriores principalmente porque no lugar das referências passadas, que tinham como alicerce a energia e a matéria, as bases atuais envolvem a compreensão humana do tempo, espaço e, sobretudo, do conhecimento. É o conhecimento que determina as inovações, por isso está se tornando a atividade central da nova economia e elemento determinante de mudanças. Já se tornou consenso entre vários estudiosos dizer que a informação e o conhecimento são os dois bens primordiais do novo contexto. Na sociedade atual o saber ocupa papel central, acompanhado de uma nova classe de trabalhadores, a dos trabalhadores do conhecimento.

As evidências levam a crer que a revolução da informação mudou de forma permanente e irreversível a forma de ser e de se organizar a sociedade. Para Castells

[...] a sociedade em rede representa uma transformação qualitativa da experiência humana. Se recorrermos à antiga tradição sociológica segundo a qual a ação social no nível mais fundamental pode ser entendida como o padrão em transformação das relações entre a Natureza e a Cultura, realmente estamos em uma nova era. (1999, p.573).

Entender estas profundas mudanças é fundamental para os profissionais da comunicação, já que agora ampliam-se as possibilidades e um novo impulso é dado ao tratamento da informação. Todas essas transformações exigem um novo perfil pessoal e profissional. “É o começo de uma nova existência e, sem dúvida, o início de uma nova era, a era da informação, marcada pela autonomia da cultura vis-à-vis as bases materiais de nossa existência.” (Idem, p.574).
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REFERÊNCIAS
CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. 10.ed. rev. e ampl. São Paulo, SP: Paz e Terra, 2006. 1 v. 698p.
LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas ampliadas: o livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. 3.ed. Barueri, SP: Manole, 2004. 371 p.
VANZO, Elvízio Trigo. Você@digital: esteja pronto para a revolução da informação. São Paulo: Infinito, 2000.
TRIVINHO, Eugênio. Redes: obliterações no fim do século. São Paulo: Annablume, 1998. 153p.
TAKAHASHI, Tadao. Sociedade da Informação. In: PERUZZO, Cecília, BRITTES, Juçara (Org). Sociedade da Informação e Novas Mídias: participação ou exclusão?. São Paulo: INTERCOM, 2002. 139 p.

Responsabilidade Social e Opinião Pública


Já que são os jornalistas os responsáveis por repassar as informações à sociedade, é fundamental que se reflita sobre sua responsabilidade social e seu poder de influir na opinião pública. Temas como ética também devem ser analisados para que seu uso não seja empregado apenas para preencher manuais de conduta profissional.

No Brasil, são pouco mais de 20 anos de jornalismo “livre”, não mais censurado politicamente, mas sofrendo constantes influências econômicas. Não é novidade que, muitas vezes, o jornalismo deixa-se conduzir por segundos interesses, negligenciando seu papel social de democratizar. Na constante luta pela atração da audiência, vale praticamente tudo. E assim, o debate sobre a responsabilidade social da mídia vem tornando-se mais constante.

Como aborda Moretzsohn (2002), a teoria da responsabilidade social surgiu nos Estados Unidos em 1947, ano em que foi produzido um relatório que, entre outras abordagens, recomendava à imprensa relatar a verdade sobre os fatos. O documento foi criticado e uma questão veio à tona: o conceito de responsabilidade social está sujeito a diferentes interpretações.

A responsabilidade da mídia, para muitos, está associada a conceitos como “o povo tem direito de saber” e “a imprensa é representante do público”, principalmente quando se trata de “fiscalizar” ações de empresas privadas e órgãos públicos. Daí surgiu a imagem do jornalismo como o defensor do cidadão.

De acordo com Karam, a temática do direito social à informação “só tem sentido se for conectada a conceitos e valores como Liberdade.” (1997, p.15). O autor destaca que apenas através da liberdade é possível falar em informação como direito de todos e em jornalismo como a maneira pela qual é possível o acesso ao que acontece no mundo.

Para que o cidadão possa ter participação ativa na sociedade, é indispensável que ele esteja bem informado. Karam destaca que “o acesso a esta produção diária da humanidade sempre trouxe mais possibilidade de desalienação.” (Idem, p.24). Por esse motivo, a informação é tão valorizada como fonte de lucro e expressão de poder.

No Brasil é relativamente nova a questão da liberdade de imprensa. Basta analisar a história política do país para constatar que o mesmo sofreu longos períodos de censura. Foi com a Constituição de 1988 que foram estabelecidos os fundamentos legais com relação ao direito à informação.

Existem órgãos, como a ABI, Associação Brasileira de Imprensa, e a ANJ, Associação Nacional de Jornais, que desenvolvem ações voltadas à busca da liberdade de expressão e de imprensa e ao livre exercício da atividade jornalística. Iniciativas apoiadas pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que também considera a liberdade de imprensa um requisito básico para o processo de democratização de um país.

Na visão de Karam (1997), para que seja garantido o efetivo direito social à informação deve-se levar em consideração dois pontos fundamentais: democratização dos meios de comunicação e mudança da noção ética da profissão. Esse último ponto, a questão da ética, sempre foi pauta de debates acerca da atividade jornalística e é um conceito fundamental ao se tratar da questão da responsabilidade social do jornalismo.

Antes de entrar na questão da ética profissional do jornalista é plausível que se fale que o conceito de ética perpassa os séculos e muitas são as suas definições. Foi Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.) que introduziu os estudos acerca desta temática. É correto afirmar que ética é a parte da filosofia que se dedica ao estudo dos valores morais e princípios ideais da conduta humana.

A ética diz respeito às práticas cotidianas perante a sociedade. Ao contrário da lei que impõe procedimentos, a ética está relacionada com o livre arbítrio, com a consciência individual e os compromissos morais do ser humano. Aplicando o conceito de ética ao comportamento profissional, pode-se dizer que ética é o conjunto de princípios morais que devem ser observados no exercício de uma profissão.

Em 1987 o Congresso Nacional aprovou o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, que entrou em vigor em março daquele ano. O documento fixa as normas que devem orientar a atuação profissional do jornalista nas suas relações com os demais membros da sociedade.

A temática da ética é considerada tão importante que a maioria das universidades sustenta uma disciplina relacionada à questão em suas grades curriculares. Além disso, grande parte dos principais veículos de comunicação do país possuem manuais de redação que abordam a ética.

Em entrevista concedida ao Jornal da ABI, em outubro de 2006, o editor-chefe do jornal Estado de São Paulo, Flávio Pinheiro, salientou que “a ética na imprensa é construída todo dia.” (Disponível na internet. URL: http://http://www.abi.com.br/. Acesso em 23 de março de 2008). Ele acredita que o jornalismo deve ser parte atuante no esforço pela democracia e que a concentração das informações nas mãos de poucos é uma questão preocupante.

Para Bucci (2000) a noção de ética jornalística perpassa pelo conceito de verdade, o que obriga o repórter a averiguar as diversas facetas de um mesmo fato, ao mesmo tempo em que assume uma postura de isenção, deixando que o público tire suas próprias conclusões sobre a notícia.

O autor ressalta que a audiência espera um jornalismo confiável e comprometido com os fatos. Ele cita que na ponta da pirâmide não está a imprensa ditando o que o público deve receber. Está sim o próprio público, ao qual o jornalismo é subordinado.

Um ano após lançar o livro Sobre ética e imprensa, Bucci concedeu entrevista ao jornal Correio Braziliense, em 28 de janeiro de 2001, abordando a temática do comprometimento dos profissionais de imprensa com a ética. Ele revelou que a busca pela verdade é a base de qualquer idéia que se possa ter sobre divulgação de notícias. E esse é ponto de partida para a ética jornalística. Dessa busca surge o pacto de confiança do público com o veículo informativo. E como já se sabe, quando o veículo perde a credibilidade está sujeito ao desaparecimento.

De acordo com Vergílio, um erro do jornalismo é não gerar conflitos de idéias. Para a pesquisadora, o equívoco do jornalismo é o de deixar de induzir o público a um pensamento mais crítico, já que tornou-se um mero distribuidor de informações. Ela defende que o jornalismo “não deve ser encarado como um 'negócio', como é visto nos grandes conglomerados da mídia ou com a crescente aproximação entre o jornalismo e o entretenimento.” (Disponível na internet. URL: http://http://www.canaldaimprensa.com.br/. Acesso em 23 de março de 2008). Ainda na visão da autora, o papel social do jornalismo seria, então, o de posicionar-se a favor da democracia, educando seu público para a cidadania.

É indispensável que o jornalista se comprometa com todas estas questões abordadas. A preocupação com a objetividade, a imparcialidade, a verdade e a ética profissional devem ser constantes. Somente assim o jornalismo conseguirá fazer valer a sua responsabilidade social.

Como é fácil de se observar, ainda mais no Brasil, a mídia tem forte poder de influir sobre a opinião pública, chegando até mesmo, em alguns casos, a mudar o curso da história. Não é correto dizer que o jornalismo manipula totalmente seu receptor. Este recebe influências do meio social em que vive e tem sua própria bagagem histórica, ideológica e cultural. Mesmo assim, o jornalista tem o poder de consolidar idéias do cidadão, ou até mesmo mudá-las.

Desta maneira, constata-se que não basta apenas defender a liberdade de imprensa. É necessário que se aborde a responsabilidade social, a ética e a influência na opinião pública enquanto conceitos norteadores da atividade jornalística, pois como observa Karam, esses temas implicam na “potencialidade de intervir no futuro social da humanidade.” (1997, p.25).
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REFERÊNCIAS
MORETZSOHN, Sylvia. Jornalismo em “tempo real”: o fetiche da velocidade. Rio de Janeiro: Revan, 2002.
KARAM, Francisco José. Jornalismo, ética e liberdade. São Paulo: Summus Editorial, 1997. 147 p.
BUCCI, Eugênio. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Cia. das Letras, 2000. 245 p.
______. A ética e as etiquetas. Correio Braziliense. Brasília, 18 jan. 2001. Disponível na internet. URL: http://www.correiobraziliense.com.br/. Acesso em 20 de março de 2008.
VERGÍLIO, Vivian. Dependa da flexibilidade. Disponível na internet. URL: http://www.canaldaimprensa.com.br/. Acesso em 23 de março de 2008.

Publicidade e Propaganda


Pode-se dizer que esta área refere-se ao esforço de comunicação que procura divulgar as vantagens de um produto, ou serviço, e induzir o consumidor à compra, através da sensibilização. Conforme a Fenaj (1994), existem duas diferenças básicas entre informação publicitária e informação jornalística.

A primeira é que a área de PP tem intenção pura e explícita de venda de um determinado produto, visando um público-alvo específico. Enquanto que a notícia deve ser o mais imparcial possível, buscando o relato fiel de um acontecimento de interesse da coletividade.

A segunda grande diferença é que, o campo de PP, para veicular sua informação, reserva espaços da mídia e paga para ter estes espaços garantidos. Já o aproveitamento de uma informação originada de uma assessoria de imprensa não envolve pagamento, sendo que sua utilização fica a critério do veículo de comunicação.

Apesar de muitas vezes serem utilizadas com o mesmo sentido, publicidade e propaganda não são termos sinônimos. Gonçalves (2005) explica que propaganda refere-se à persuasão de idéias, ideologias e doutrinas. Enquanto que publicidade é relacionada à promoção de produtos e serviços, com estímulo ao aspecto promocional e comercial.

Ele esclarece que propaganda é um termo mais abrangente, e refere-se à todo tipo de comunicação tendenciosa, sendo a publicidade uma de suas áreas. Esta diz respeito exclusivamente à propaganda de cunho comercial, de caráter persuasivo, que tem por objeto defender interesses econômicos. (Disponível na internet. URL: http:// http://www.webinsider.uol.com.br/. Acesso em 13 de abril de 2008).

O Dicionário de Comunicação define propaganda como:

Comunicação persuasiva. Conjunto das técnicas e atividades de informação e de persuasão, destinadas a influenciar as opiniões, os sentimentos e as atitudes do público num determinado sentido. Ação planejada e racional, desenvolvida através dos veículos de comunicação, para divulgação das vantagens, das qualidades e da superioridade de um produto, de um serviço, de uma marca, de uma idéia, de uma doutrina, de uma instituição, etc. Processo de disseminar informações para fins ideológicos (políticos, filosóficos, religiosos) ou para fins comerciais. (RABAÇA; BARBOSA, 2001, p. 598.)

É sintetizada pela Fenaj (1994) as principais atribuições do profissional de PP, dentro do universo da comunicação organizacional. Sendo, assim, suas funções o planejamento, a coordenação e a administração da publicidade legal e da propaganda e campanhas promocionais; a supervisão e coordenação de serviços de agências contratadas; criação e execução de trabalhos publicitários e de propaganda e o planejamento e elaboração de estudos mercadológicos.

A regulamentação da profissão é definida nas seguintes leis: Lei 4.680, de 18 de junho de 1965, e Decreto 57.960, de 01 de fevereiro de 1966.
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REFERÊNCIAS
Manual Nacional de Assessoria de Imprensa. Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ. 2.ed. Rio de Janeiro: Edição da CONJAI – Comissão Nacional dos Jornalistas em Assessoria de Imprensa, 1994.

GONÇALVES, Luis. Propaganda e publicidade são a mesma coisa? Disponível na internet. URL: http:// http://www.webinsider.uol.com.br/. Acesso em 13 de abril de 2008.

RABAÇA, Carlos Aberto; BARBOSA, Gustavo. Dicionário de Comunicação.

Assessoria de Imprensa


Dentro do universo da comunicação social, a assessoria de imprensa “é o serviço de administração das informações jornalísticas e do seu fluxo das fontes para os veículos de comunicação e vice-versa.” (FENAJ, 1994, p.12). A AI é responsável por diversas atividades. Além de produtos convencionais (releases, edição de jornais e revistas institucionais, etc) ela “prepara textos de apoio, sinopses e súmulas, administra as listagens referentes aos veículos de interesse e cuida para que as peculiaridades de cada um deles sejam respeitadas.” (Idem).

É um trabalho realizado geralmente por jornalistas, por isso alguns autores referem-se à área como “Jornalismo Empresarial”. Kopplin e Ferrareto (2001) consideram esta nomenclatura inadequada, pois, a abrangência dos serviços de assessoria de imprensa podem ser bem mais amplas, alastrando-se às mais diversas entidades, não necessariamente empresariais (como sindicatos, clubes, ONGs, por exemplo).

No conjunto da comunicação social, o trabalho de assessoria de imprensa deve estar em cooperação e união com as áreas de relações públicas e publicidade e propaganda.
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REFERÊNCIAS

Manual de Assessoria de Imprensa. Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ. 2.ed. Rio de Janeiro: Edição da CONJAI – Comissão Nacional dos Jornalistas em Assessoria de Imprensa, 1994.

FERRARETTO, Luiz Artur; KOPPLIN, Elisa. Assessoria de imprensa: teoria e prática. 4.ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2001. 149 p.

Perfil do assessor


Para que o assessor de imprensa possa exercer sua profissão com competência, ele precisa levar em considerações certas exigências. Esses requisitos são esperadas no decorrer de sua atuação para que os objetivos estabelecidos pela organização sejam alcançados. Entre esses requisitos, Garcia (2004) cita que é necessário ter conhecimento, agilidade e flexibilidade, além de se adaptar facilmente às mudanças, se adequar às informações em tempo real e ter facilidade de trabalhar em equipe. Também é fundamental que ele tenha domínio das tecnologias e que conheça o funcionamento e peculiaridades dos diferentes veículos de comunicação.

Chinem salienta que todo jornalista que deseja prestar serviços como assessor de imprensa “deve dominar perfeitamente as normas relativas a essa atividade e ter um amplo conhecimento a respeito do jornalismo e da sociedade como um todo.” (2003, p.14). Isso implica ter consciência do seu dever e de suas responsabilidades perante a entidade em que atua e perante os cidadãos de maneira geral.

Lopes (2000) acredita que o assessor deve ser um “parceiro” da organização. O que denota que deverá conhecer a entidade para a qual presta atendimento, compreendendo sua missão, valores, princípios, objetivos e produtos (no caso de empresa privada). Na visão da autora, a relação entre assessor e assessorado deve ser de absoluta confiança, sob pena de prejudicar o trabalho.

O Manual de Assessoria de Imprensa da Fenaj estabelece que “nas relações assessorado-imprensa-cliente o que vale é a credibilidade baseada na ética.” (2007, p.09). Esclarece igualmente que o assessor deve ter capacidade de facilitar o acesso entre seu cliente e a mídia e orientá-lo sobre os assuntos que poderão ser de interesse para os jornalistas e os que não devem ser divulgados. Deve, ainda, atuar como um consultor, explicando as características da mídia e sugerindo alternativas compatíveis com as necessidades dos assessorados. Sobre o perfil do profissional é, do mesmo modo, instituído pela Fenaj que

O assessor de imprensa deve ter consciência de que sua credibilidade depende de um bom relacionamento com os jornalistas dos veículos de comunicação, pautando-se sempre pela transparência e por uma postura de colaboração. Essa atitude pode valorizar a informação que o assessor de imprensa está divulgando, podendo ampliar os espaços de mídia espontânea. (Idem).
Do surgimento da profissão de AI até a atualidade, o setor se desenvolveu, abrangendo vasta gama de responsabilidades. Garcia afirma que “[...] o assessor de imprensa passou de um bom redator de release para um executivo da informação.” (2004, p.30). A capacidade do assessor de se adequar às novas demandas é o que possibilitou essa transformação.

Já não cabe mais associar a comunicação organizacional simplesmente a técnicas como fazer jornais e boletins informativos. Como analisa Torquato “a comunicação está cada vez mais concentrada como um processo de integração entre a organização e a sociedade.” (2002, p.87). Ele defende que o assessor deve ajustar os interesses dos assessorados aos interesses sociais, estabelecendo estratégias compatíveis com as demandas.

Torquato relaciona os requisitos de um bom assessor:

O profissional precisa assumir a postura de um estrategista político, ser um articulador, juntar as partes da empresa, quebrar arestas, ter bom relacionamento com a imprensa, relacionar-se com o sistema político, conhecer as lideranças que influem na vida da empresa. Precisa saber gerenciar conflitos, trabalhar bem os climas interno e externo, saber fazer planejamento, dominar as áreas clássicas da comunicação e possuir a compreensão de que, sob seu comando, deve haver um grupo de operadores eficazes. (Idem, p.95).

Duarte (2003) compartilha a mesma opinião dos autores já citados. Em sua concepção, sempre haverá espaço para atividades técnicas, como envio de release, elaboração de jornais, edição de conteúdo em sites na internet, etc. Entretanto, as oportunidades para um assessor que opta por ser um gestor dos fluxos de comunicação, são bem maiores.

Mesmo com todas essas competências, o assessor precisa estar ciente de que não é possível garantir que seu release seja editado da maneira que mais interesse a seu assessorado. Na verdade, não é possível garantir nem que sua matéria vai ser de interesse dos jornalistas e virar notícia. Ao assessor cabe se empenhar para que seu cliente tenha a melhor divulgação possível na mídia. Entretanto, os veículos de comunicação são independentes e podem não se interessar pela sua sugestão de pauta.
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REFERÊNCIAS

DUARTE, Jorge. Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2003. 411 p.

CHINEM, Rivaldo. Assessoria de imprensa: como fazer. São Paulo: Summus, 2003. 184 p.

GARCIA, Maria Tereza. A arte de se relacionar com a imprensa: como aprimorar o relacionamento com jornalistas e fortalecer a imagem de sua empresa. São Paulo: Novatec, 2004. 186 p.

TORQUATO, Gaudêncio. Tratado de comunicação organizacional e política. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. 303 p.

LOPES, Boanerges. O que é assessoria de imprensa. São Paulo: (Coleção Primeiros Passos) Brasiliense, 2003. 91 p.

Manual Nacional de Assessoria de Imprensa – Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ. Rio de Janeiro, 2007. Disponível na internet. URL: http:// www.fenaj.org.br. Acesso em 02 de abril de 2008.

O exercício profissional


A assessoria de imprensa (AI) constituiu-se em uma das principais áreas de trabalho para o profissional de comunicação. De acordo com o Manual da Federação Nacional dos Jornalistas (2007), o segmento das assessorias está consolidado no mercado, sendo a área que mais emprega jornalistas. O manual destaca que, no Brasil, a categoria conquistou potencial suficiente para servir de modelo em âmbito internacional.

Duarte (2003) observa que, atualmente, existem três campos de atuação para o profissional graduado em jornalismo. O primeiro mercado é o tradicional e refere-se ao trabalho nas redações dos veículos de comunicação. O segundo é o do especialista que desenvolve atividades corriqueiras de assessoria de imprensa, como envio de release, por exemplo. E o terceiro, ainda na área de comunicação institucional, diz respeito ao gestor estrategista de informações, que utiliza a comunicação como interventora na tomada de decisões. O assessor de imprensa competente deve atuar nesta última esfera.

Uma assessoria de imprensa desenvolve trabalhos comunicacionais para um assessorado, que é quem contrata o serviço. Este pode ser um cliente particular (uma personalidade pública como um artista, atleta, político, etc.) ou uma instituição (empresas privadas, estatais, órgãos públicos, partidos políticos, sindicatos, clubes, ONGs, etc). A AI pertence ao setor terciário da economia e seu ramo de atividades é a prestação de serviços.

A assessoria de imprensa pode funcionar, basicamente, de três maneiras: dentro de uma organização, através de uma empresa especializada, ou ainda de forma mista. Esta última acontece quando parte das atividades é executada por uma equipe interna da instituição e parte é contratada por assessorias terceirizadas.

Conforme a Fenaj, a assessoria é o “serviço prestado à instituições públicas e privadas, que se concentra no envio freqüente de informações jornalísticas, dessas organizações, para os veículos de comunicação em geral.” (2007, p.07). A federação defende que a atuação continuada da AI, permite a criação de um vínculo de confiança com a mídia, o que acarretará em ganhos positivos para a imagem institucional.

A função primordial de uma AI é criar e estabelecer conexões confiáveis e transparentes entre o assessorado e os meios de comunicação de massa. Eid e Viveiros ressaltam que compete à AI “administrar as informações jornalísticas da empresa, de maneira a atingir positivamente os interesses internos (empresa) e os externos (imprensa).” (2007, p.59). Eles defendem que o papel do assessor consiste em submeter à análise dos jornalistas notícias relevantes, às quais a mídia não teria acesso direto ou espontâneo, não fosse a intermediação da assessoria de imprensa.

Os autores comparam o exercício da AI ao de uma agência de notícias:

Na verdade, uma assessoria de imprensa, deve funcionar como uma verdadeira agência de notícias, pautando corretamente os veículos de comunicação, do ponto de vista temático, bem como do ponto de vista da qualidade e confiabilidade da informação. Para que isto ocorra, é indispensável entender o que precisa e deseja o público de cada jornal, revista, rádio, TV e site. Não é uma tarefa fácil, mas é essencial ao sucesso e sobrevivência num mercado cada vez mais profissional e competitivo. (Idem, p. 42).

Lopes define a atividade profissional dizendo que “os assessores de imprensa são jornalistas especializados na tradução da informação da empresa para a linguagem jornalística e na escolha do melhor caminho para a divulgação da notícia.” (2000, p.28). Ela defende que quando há uma convivência ética entre assessorado e imprensa, existe uma relação de “ganha/ganha”, já que o interesse das duas partes é o mesmo: atender as necessidades de informações do cliente de ambos, ou seja, o público consumidor.

Já no entendimento de Villela, é insuficiente pensar a AI apenas como um elo que une o assessorado à imprensa. Para a autora, o assessor deve estabelecer uma política de comunicação na entidade em que atua, e assim “elaborar planos e programas para públicos diferentes, buscando o fortalecimento da imagem.” (1998, p.53). Desta maneira, não basta querer aparecer na mídia apenas quando o assunto é bom para a empresa. É necessário que a instituição, através da AI, mantenha política de bom relacionamento com a imprensa permanentemente, pois “é mais difícil reverter uma imagem negativa junto à população do que manter a credibilidade desenvolvida por um projeto de comunicação constante e coerente.” (Idem, p.54).

Na concepção de Faria, “o assessor de imprensa exerce papel de abrir os muros das organizações para o mundo.” (2003, p.161). Ele atribui um valor adicional ao exercício do assessor, argumentando que este, além de atuar diretamente com a mídia, deve promover “ações para um trabalho pedagógico interno a fim de abrir perspectivas fechadas e unir visões fragmentadas, comuns no universo das organizações.” (Idem, p.163).

O autor aborda que os assessorados, de maneira geral, têm tido visão simplista com relação à imprensa, ou seja, é prática comum “aceitar a mídia quando o tratamento editorial é positivo e negá-la quando a notícia realça o deslize e instaura a controvérsia.” (Idem). Reverter esse quadro é, para Faria, um novo desafio para os assessores, bem como fazer com que as instituições tenham melhor compreensão sobre o fazer jornalístico.

Lopes também concorda que a relação com a imprensa deve ser planejada, transparente e contínua. Ela argumenta que “nos últimos anos, as empresas se profissionalizaram muito na relação com a imprensa e vice-versa, o que tornou a conquista de espaço na mídia uma atividade extremamente competitiva.” (2000, p.11). Sendo, assim, essencial que o assessor aposte em uma postura pró-ativa e diferenciada.

Muitos administradores tendem a imaginar que a divulgação jornalística é a solução para os problemas comunicacionais da empresa. Porém, nem sempre a assessoria de imprensa é a única solução, nem a mais importante. Um serviço completo de comunicação organizacional compreende, além da AI, outras áreas como, relações públicas e publicidade e propaganda. Ao trabalho cooperativo e integrado entre estas áreas é classificado o nome de Assessoria de Comunicação Social (ACS).

Ainda confunde-se as nomenclaturas “Assessoria de Imprensa” e “Assessoria de Comunicação Social”. É necessário esclarecer que a ACS é um departamento organizacional especializado que compreende as funções dos profissionais de comunicação e a AI é uma de suas divisões.

É notável que no atual cenário histórico, decidir manter uma boa relação com a mídia é uma decisão, no mínimo, sensata. Como analisa Monteiro, o mercado é carregado de questões públicas (como direitos do consumidor, preocupação ecológica, segurança pública, etc.) e neste contexto “as instituições têm de envolver-se com a mídia para atingir aos públicos cujas opiniões orientam as políticas nacionais e as ações políticas.” (2003, p.147).

Na opinião de Monteiro, esse quadro deve-se a dois fatores fundamentais. Primeiramente porque as instituições não são isoladas do restante do ambiente. Em segundo lugar porque com o barateamento e maior acesso às tecnologias, a demanda por informações aumenta. Ela conclui que

[...] um dos efeitos pretendidos (talvez o mais importante) pelas instituições (quaisquer que sejam elas), com a presença na mídia, é a conquista do apoio da opinião pública e, em conseqüência, a sobrevivência no mercado. Nesse sentido, a notícia institucional, sem abandonar suas características informativas, assume caráter político, passando a ser utilizada estrategicamente nos segmentos sociais que detêm o poder de decisão ou o poder de influenciar decisões que possam beneficiar a instituição que as originou. (2003, p.148).

Para Kunsch, o primeiro aspecto que as organizações devem considerar é que “são fontes importantes de informações e têm o dever e o direito de prestar contas de suas ações perante os públicos e a opinião pública.” (2003, p.195-196). Portanto, mais do que divulgar suas ações e produtos, as instituições devem ter compromisso com sua responsabilidade social enquanto fontes de informação, já que são partes integrantes de um sistema social.

A atuação competente de um assessor de imprensa é capaz de produzir uma imagem positiva do assessorado (ou organização), que vai refletir em ganho de espaços gratuitos na mídia, reconhecimento das ações pelo público, maior credibilidade e conseqüentemente, solidez da imagem. Segundo o guru da publicidade, David Ogilvy, a credibilidade, perante o cidadão, de uma matéria jornalística chega a ser seis vez superior a de um anúncio pago. (OGILVY apud GARCIA, 2004).
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REFERÊNCIAS

DUARTE, Jorge. Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia: teoria e técnica. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2003. 411 p.

GARCIA, Maria Tereza. A arte de se relacionar com a imprensa: como aprimorar o relacionamento com jornalistas e fortalecer a imagem de sua empresa. São Paulo: Novatec, 2004. 186 p.

KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. 4.ed. São Paulo: Summus, 2003. 417 p.

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A internet: o mundo interligado


Pensando no nível de desenvolvimento que as tecnologias da informação e comunicação alcançaram, sem dúvida pode-se afirmar que o ápice das transformações tecnológicas ocorridas foi o advento do computador. Para Lima “o computador tirou o ser humano da janela que foi colocado pela televisão, onde ele via os fatos acontecerem mas não podia intervir para um processo de participação e construção diária, em função de seus objetivos.” (2000, p.27). O autor diz que

Enquanto o automóvel representou uma extensão tecnológica das pernas do ser humano, o rádio e o telefone, uma extensão de seus ouvidos e a televisão, uma extensão de sua visão, o computador foi mais longe. Muito mais longe, pois planetarizou o cérebro humano, dando chance para que seu pensamento viaje pelo planeta, conecte-se com outros pensamentos, desenhe planos e estratégias de ação e construa o instrumental de que precisa para continuar sua trajetória de mudança no meio. (Idem).

Segundo Lima, a grande maioria das novas tecnologias inventada pelo homem é resultante de uma tecnologia básica que é o computador. Na visão do autor, o computador é o eixo-central das mudanças paradigmáticas que o mundo vivencia.

Na verdade, estamos assistindo à criação de tecnologias derivativas do computador, o qual está aumentando em progressão geométrica sua capacidade de expansão, nos levando a rever nossa concepção de meio ambiente e modificando substancialmente nosso relacionamento com nosso próprio processo evolutivo. (2000, p.10).

Essa capacidade do computador deve-se principalmente ao fato de ser o suporte básico para a internet. Com relação ao procedimento de transformações históricas, Lyon diz que “o processo se acelerou durante o século vinte à medida que primeiro o telégrafo, depois os telefones, o rádio, a TV e agora os computadores e as telecomunicações aparecem em rápida sucessão, facilitando tudo.” (2005, p.75).
Lima destaca que o computador tem papel fundamental no processo de análise dos fatores intervenientes da mudança “por sua capacidade de atuar como aglutinador de outros meios e de sua capacidade sinérgica de se fazer presente na grande maioria das novas invenções da segunda metade deste século.” (2000, p.16).
Conforme o autor, ao levar esta nova tecnologia para a sua residência, o homem “iniciou um processo irreversível de planetarização, tendo a sua disposição recursos cada vez mais sofisticados que vão se tornando gradualmente mais simples em termos de operacionalização.” (Idem, p.27).
Para Castells, a internet é a espinha dorsal da comunicação global, mediada por computadores, “é a rede que liga a maior parte das redes.” (1999, p.431). Na visão do autor, a internet é fundamental para se entender o atual momento histórico, pois “a Internet, em suas diversas encarnações e manifestações evolutivas, já é o meio de comunicação interativo universal, via computador, da Era da Informação.” (Idem, p.433).
Segundo ele, “a Internet tem tido um índice de penetração mais veloz do que qualquer outro meio de comunicação na história.” (Idem, p. 439). Com relação ao crescimento da Internet Takahashi cita que somente nos EUA a Internet atingiu 50 milhões de usuários em apenas quatro anos. Para atingir esse mesmo número de usuários o computador levou 16 anos, a televisão 13 e o rádio 38. (2002, p.20-21).
Devido a sua importância, a integração de vários modos de comunicação em rede interativa é, de acordo com Castells, uma transformação tecnológica de dimensões históricas, similares ao advento do alfabeto. Em suas palavras, “o surgimento de um novo sistema eletrônico de comunicação, caracterizado pelo alcance global, integração de todos os meios de comunicação e interatividade potencial, está mudando e mudará para sempre nossa cultura.” (1999, p.414).
A internet representa, para o autor, “a formação de um hipertexto e uma metalinguagem que, pela primeira vez na história, integra no mesmo sistema, as modalidades escrita, oral e audiovisual da comunicação humana.” Este acontecimento é da mais alta relevância, visto que “muda de forma fundamental o caráter da comunicação [...] E a comunicação, decididamente, molda a cultura”. (Idem). Ainda falando sobre a relação entre comunicação e cultura, Castells afirma que

Como a cultura é medida e determinada pela comunicação, as próprias culturas, isto é, nossos sistemas de crenças e códigos historicamente produzidos são transformados de maneira fundamental pelo novo sistema tecnológico e o serão ainda mais com o passar do tempo. (Idem).

Lima acredita que a mais importante contribuição da tecnologia computacional é a possibilidade de conectividade. Ele diz que, através da internet, existe “a possibilidade de nos comunicarmos de forma multidirecional com quaisquer partes do planeta, trocando dados e acessando informações de forma interativa, criando, de forma concreta, a aldeia global.” (2000, p.29). Ao abordar a questão da conectividade, Lyon ressalta que “onde antes havia muitos pequenos ‘mundos’, hoje existe apenas um.” (2005, p.75).
A internet é uma rede de redes. A rede mais conhecida e utilizada é a WWW (World Wide Web). Através dela, textos, imagens, sons, vídeos, animações e os mais variados recursos multimídia se combinam, formando hipertextos que interligam milhares de documentos através de links. A WWW propiciou uma verdadeira revolução na comunicação global. De acordo com Castells

A coexistência pacífica de vários interesses e culturas na Rede tomou a forma da World Wide Web – WWW (Rede de Alcance Mundial), uma rede flexível formadas por redes dentro da Internet onde instituições, empresas, associações e pessoas físicas criam os próprios sítios (sites), que servem de base para que todos os indivíduos com acesso possam produzir sua homepage, feita de colagens variadas de textos e imagens. (1999, p.439-440).

Falando sobre a importância da internet, Lima diz que a WWW representa “um marco e um divisor de águas no processo de mudança paradigmática, ficando evidente que o acesso e o manuseio da informação em termos globais se organizam em fases caracterizadas por antes e depois da existência da WEB.” (2000, p.29).
Para Lima, navegar na WEB é o primeiro grande passo de nossa sociedade rumo à consolidação do novo paradigma. Nas palavras do autor

Isto ocorre porque a WEB muda por completo nossa relação com a informação ou conhecimento. Não só no que tange ao envio e recepção da mesma, como também modifica o conceito enraizado em nossa sociedade de que informação representa uma forma de controle e poder. (2000, p.31).

Através da internet, as redes se ligam entre si formando uma teia. Embora não fisicamente, as novas mídias aproximam as pessoas de maneira rápida, fazendo com que as fronteiras geográficas não tenham mais tanta importância. Essa idéia não é recente. Há mais de 40 anos, o comunicólogo e filósofo canadense Marshall McLuhan já havia proclamado essa mudança paradigmática na forma de o ser humano se relacionar com a tecnologia. Tendo como base os avanços tecnológicos, ele considerava que a humanidade caminhava rumo a uma “aldeia global”, onde seria possível transportar o mundo para a própria residência e onde o globo se transformaria numa pequena aldeia, na qual todos se relacionam com todos de maneira democrática. Suas idéias ficam evidentes ao analisar o impacto da internet e suas conseqüências no meio. Assim, a internet, e não a televisão como ele inicialmente imaginava, é a responsável pela conectividade do mundo e por transformar o planeta em uma “aldeia”.
Castells acredita que a visão de McLuhan não é suficientemente abrangente para denominar e caracterizar o atual contexto comunicacional.

Embora a audiência recebesse matéria-prima cada vez mais diversa para cada pessoa construir sua imagem do universo, a Galáxia de McLuhan era um mundo de comunicação de mão única, não de interação. Era, e ainda é, a extensão da produção em massa, da lógica industrial para o reino dos sinais e, apesar do gênio de McLuhan, não expressa a cultura da era da informação. (1999, p. 427).

Abordando as redes de comunicação mediada por computadores, Castells afirma que “diferentemente da mídia de massa da Galáxia de McLuhan, elas têm propriedades de interatividade e individualização tecnológica e culturalmente embutidas.” (Idem, p.442).
A tecnologia está em constante aprimoramento. De acordo com Castells “as pessoas moldam a tecnologia para adaptá-la as suas necessidades.” (Idem, p.449). Dessa forma, cada grupo social usa a tecnologia de acordo com suas intenções. Para o autor, a forma de comunicação eletrônica multipessoal, que é representada pelos modos de comunicação mediada por computadores, “tem sido usado de formas diferentes e para diferentes finalidades, tantas quantas existem no âmbito da variação social e contextual entre seus usuários” (Idem). Ele ressalta ainda que “o denominador comum da CMC é que [...] ela não substitui outros meios de comunicação, nem cria novas redes: reforça os padrões sociais preexistentes.” (Idem).
A partir da fusão da mídia de massa personalizada e globalizada com a comunicação mediada por computadores, surgiu, na segunda metade da década de 1990, um novo sistema de comunicação eletrônica. Conforme Castells, “o novo sistema é caracterizado pela integração de diferentes veículos de comunicação e seu potencial interativo. Multimídia, como o novo sistema logo foi chamado, estende o âmbito da comunicação eletrônica para todo o domínio da vida.” (Idem, p.450). Para o autor, a peculiaridade da nova mídia é que “os novos meios de comunicação eletrônica não divergem das culturas tradicionais: absorvem-nas.” (Idem, p.456).
De acordo com Castells a multimídia apresenta as seguintes características: 1) grande diferença social e cultural dos usuários, o que leva à segmentação dos públicos; 2) a multimídia fica restrita às pessoas com tempo e dinheiro e as diferenças sociais e culturais são fundamentais no uso do novo meio; 3) todos os tipos de mensagens, difundidos no mesmo meio, induzem a um padrão cognitivo comum, 4) é capaz de apreender, em toda sua diversidade, a maioria das expressões culturais, pois todas as manifestações vêm juntas no mesmo ambiente digital.
Esse último item é considerado pelo autor como um dos mais importantes. Em suas palavras, o advento da comunicação multimídia “é equivalente ao fim da separação e até da distinção entre mídia audiovisual e mídia impressa, cultura popular e cultura erudita, entretenimento e informação, educação e persuasão.” (Idem, p.458). Ele diz ainda que

O que caracteriza o novo sistema de comunicação, baseada na integração em rede digitalizada de múltiplos modos de comunicação, é sua capacidade de inclusão e abrangência de todas as expressões culturais. Em razão de sua existência, todas as espécies de mensagens do novo tipo de sociedade funcionam em um modo binário: presença/ausência no sistema multimídia de comunicação. Só a presença nesse sistema integrado permite a comunicabilidade e a socialização da mensagem. (1999, p. 460-461).

Ao referir-se ao mundo interligado pela internet, Pierre Lévy fala em ciberespaço, definindo-o como o “espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores.” (2000, p.92, grifo do autor). Dessa maneira, o computador deixa de ser um centro para tornar-se um nó conectado com a rede. Como afirma o filósofo, este é “o terreno onde está funcionando a humanidade hoje.” (2000, p.13).
Lévy afirma que o ciberespaço se difere da mídia tradicional “porque é nesse espaço que todas as mensagens se tornam interativas, ganham uma plasticidade e têm uma possibilidade de metamorfose imediata.” (Idem). Características suficientes para transformar as culturas humanas em uma cibercultura. Definição que refere-se à cultura digital e que designa a formação de uma única comunidade mundial, mesmo sendo essa comunidade formada por indivíduos desiguais e conflitantes.
As bases das revoluções vividas anteriormente pelas sociedades voltadas à indústria foram a energia e a matéria. Já o atual período histórico exige que o ser humano mude sua compreensão de tempo e espaço, sendo esses “as principais dimensões materiais da vida humana.” (CASTELLS, 1999, p.467). Dessa maneira, “tanto o espaço quanto o tempo estão sendo transformados sob o efeito combinado do paradigma da tecnologia da informação e das formas e processos sociais, induzidos pelo processo atual de transformação histórica.” (Idem).

[...] o novo sistema de comunicação transforma radicalmente o espaço e o tempo, as dimensões fundamentais da vida humana. Localidades ficam despojadas de sentido cultural, histórico e geográfico e reintegram-se em redes funcionais ou em colagens de imagens, ocasionando um espaço de fluxos que substitui o espaço de lugares. O tempo é apagado do novo sistema de comunicação, já que passado, presente e futuro podem ser programados para interagir entre si na mesma mensagem. O espaço de fluxos e o tempo intemporal são as bases principais de uma nova cultura, que transcende e inclui a diversidade dos sistemas de representação historicamente transmitidos: a cultura da virtualidade real, onde o faz-de-conta vai se tornando realidade. (Idem, p.462, grifo do autor).

Diante do avanço tão significativo da tecnologia, que conseqüentemente acaba gerando mudanças na sociedade, existem duas formas de o sujeito se manifestar a respeito: ou ele é apocalíptico, ou é integrado. Essas denominações tornaram-se tradicionais com Umberto Eco. Assim, os apocalípticos são os pessimistas em relação às novas tecnologias, enquanto que os integrados são os otimistas. Porém, para Jorge (1998) , essas duas visões partem de premissas duvidosas e errôneas.
Os pessimistas condenam os efeitos danosos dos meios de comunicação de massa diante de seu público e uma de suas falas mais constantes diz respeito à imagem. Eles acreditam que “a imagem, em seus vários suportes (cinema, vídeo, computador) se transforma, deixando de ser reprodução do real para virar simulacro do real.” (JORGE, 1998, p.28). Para Jorge essa premissa é apenas parcialmente correta, pois “vai depender do caráter sígnico que essa imagem mantém com o objeto que ela representa” (Idem). O autor defende que “não há imagem universal que seja compreendida por todos do mesmo modo.” (Idem).
Sobre a impressão de que a imagem é mais importante e, atualmente, mais utilizada do que a palavra, Jorge pontua que as imagens precisam da sustentação verbal para que não ocorra a ambigüidade. Ele diz que ”o texto explica mais e melhor do que as imagens.” (Idem). E esse é o motivo de, na internet, haver mais textos do que ilustrações.
Já para os integrados, que defendem a idéia da “aldeia global”, Jorge argumenta dizendo que “também o texto está sujeito a diferentes interpretações.” (Idem, p.30). Assim, “todo enunciado pode ser considerado, inicialmente, em sua literalidade, mas não é obrigado a ser considerado apenas em seu sentido literal.” (Idem, grifo do autor). O mesmo acontece com os produtos culturais, “toda cultura produz estereótipos dos sujeitos pertencentes a outras culturas, e esses estereótipos também são reduções, simplificações ou ainda interpretações.” (Idem). Ou seja, na visão de Jorge, o conceito de aldeia global “é uma ficção e, dificilmente será uma realidade total.” (Idem).
Seja qual for a linha de raciocínio, é fundamental reconhecer as mudanças sociais ocorridas a partir do avanço das tecnologias de informação e comunicação, que caracterizam o atual momento histórico/econômico/cultural que a humanidade vivencia. Essas transformações são tão profundas e significativas que tornou-se consenso entre os diversos autores proclamar que o mundo está em uma nova era. A este início de uma nova ordem convencionou-se chamar de Sociedade da Informação.
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REFERÊNCIAS
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JORGE, Ricardo. Olhar midiático. Revista de Comunicação e Informação da UFC, n1, 1998.