Nova Era: Sociedade da Informação


Todas as mudanças sociais, que surgiram principalmente devido ao acelerado avanço das tecnologias, fazem com que seja necessária a quebra de antigos paradigmas e absorção de novos conceitos. “Uma das formas de pensar a realidade é através da ruptura do pensamento analógico e incorporação do pensamento digital.” (LIMA, 2000, p.2).

A possibilidade de “viajar” pelo planeta sem sair de casa, ter acesso às mais variadas informações de forma multimídia, ser capaz de trocar mensagens instantaneamente com pessoas de qualquer país eram atividades impensáveis há pouco tempo atrás. Atualmente, porém, tornaram-se atividades corriqueiras.
Rapidamente nos adaptamos a essas novidades e passamos – em geral, sem uma percepção clara nem maiores questionamentos – a viver na Sociedade da Informação, uma nova era em que a informação flui a velocidades e em quantidades há apenas poucos anos inimagináveis, assumindo valores sociais e econômicos fundamentais. (TAKAHASHI, 2002, p.16).
Unido à internet “o telefone celular ocupa um lugar de destaque no processo de comunicação, juntamente com o computador, como agenciador do processo de mudança sociocultural que estamos passando.” (LIMA, 2000, p.41). Alguns autores consideram a comunicação antes e depois da internet e do celular, devido à importância que os dois aparatos representam para o processo de comunicação. Com o advento destas tecnologias “não existem limitações para o processo de comunicação humana.” (Idem).

Takahashi (2002) atribui a origem das transformações vigentes a três fenômenos inter-relacionados. O primeiro é a convergência da base tecnológica pela qual pode-se representar e processar todos os tipos de informações de uma única forma, a digital. O segundo aspecto refere-se à dinâmica da indústria, que vem proporcionando queda no valor dos computadores, permitindo o acesso a maior número de pessoas. O último fator na base desta revolução é o crescimento da Internet.

É evidente que o mundo vive uma nova era, a Sociedade da Informação. Entender o que este novo momento representa para a comunicação e para o mundo é essencial. De acordo com Takahashi

A sociedade da informação não é um modismo [...]. É um fenômeno global com elevado potencial transformador das atividades sociais e econômicas, uma vez que a estrutura e a dinâmica dessas atividades inevitavelmente serão, em alguma medida, afetadas pela infra-estrutura de informações disponível. É também acentuada sua dimensão político-econômica, decorrente da contribuição da infra-estrutura de informações para que as regiões sejam mais ou menos atraentes em relação aos negócios e empreendimentos [...]. Tem ainda marcante dimensão social, em virtude do seu elevado potencial de promover a integração, ao reduzir as distancias entre pessoas e aumentar o seu nível de informação. (Idem, p.22).

Segundo Castells, são cinco as principais características que formam a base material da sociedade da informação. A primeira é que sua matéria-prima é a informação; “são tecnologias para agir sobre a informação, não apenas informação para agir sobre a tecnologia”. A segunda característica diz respeito à “penetrabilidade dos efeitos das novas tecnologias”, ou seja, já que a informação é parte inerente ao homem, este é moldado pelas tecnologias. Como terceiro aspecto o autor cita a “lógica de redes”, já que, graças a esta lógica, a rede agora pode ser introduzida de forma material em todos os processos e organizações. Castells afirma que sem as redes “tal implantação seria bastante complicada”. Em quarto lugar está a capacidade de “flexibilidade”, isso quer dizer que o que diferencia o atual paradigma tecnológico é a sua possibilidade de reconfiguração, tão importante frente a uma sociedade marcada por constantes mudanças. A quinta característica refere-se à “convergência de tecnologias específicas para um sistema altamente integrado”, onde todos os meios são acoplados a um único sistema de informação. (1999, p.108-110, grifos do autor).

Em resumo, o paradigma da tecnologia da informação não evolui para seu fechamento como um sistema, mas rumo a abertura como uma rede de acessos múltiplos. É forte e impositivo em sua materialidade, mas adaptável e aberto em seu desenvolvimento histórico. Abrangência, complexidade e disposição em forma de rede são seus principais atributos. (Idem, p.113).

Castells introduziu o conceito de rede para referir-se à Sociedade da Informação. Dessa maneira, em sua visão, a sociedade, ou seja o mundo, está interligado através de redes. Ele diz que “como tendência histórica, as funções e os processos dominantes na era da informação estão cada vez mais organizados em torno de redes.” (Idem, p.562). O autor define rede da seguinte maneira “é um conjunto de nós interconectados [...] Nó é o ponto no qual uma curva se entrecorta.” (Idem, p.566).

Ele explica ainda que “redes são estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada, integrando novos nós desde que consigam comunicar-se dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de comunicação.” (Idem, p.566). Dessa maneira Castells afirma que “a inclusão/exclusão em redes e a arquitetura das relações entre redes, possibilitadas por tecnologias da informação que operam à velocidade da luz, configuram os processos e funções predominantes em nossas sociedades.” (Idem).

Na visão de Trivinho, são cinco as principais características das redes:

Na comparação entre a malha da imprensa escrita do século XIX e as redes do jornalismo na segunda metade deste século, foram lançadas as cinco principais características das redes: por se embasarem em tecnologias comunicacionais, são aterriotoriais, isto é, prescindem do território geográfico, desconhecendo, portanto, fronteiras nacionais; invisíveis, logo imateriais e impalpáveis (só podem ser conhecidas por seus efeitos); altamente velozes, permitindo uma circularidade absoluta de dados, notícias, imagens, modelos, publicidade, monólogos, diálogos, entretenimento, humorismo, etc.; interativas, ensejando trocas simultâneas com qualquer parte do mundo; e, hoje, plenamente saturadas. (1998, p.21, grifo nosso).

Segundo Vanzo, a Sociedade da Informação só é possível devido à velocidade com que cresce o conhecimento humano. De acordo com o autor as inovações científicas e tecnológicas fazem com que surjam cenários favoráveis à realização do homem. “Uma vez integradas em nossas vidas, estas descobertas e tecnologias nos permitirão experimentar novas possibilidades que, no seu ápice, irão gerar novas demandas para novas descobertas.” (2000, p.20).

Castells também atribui a nova era ao crescente conhecimento humano que conseqüentemente, faz com que sejam desenvolvidas novas tecnologias, gerando mudanças constantes.

A convergência da evolução social e das tecnologias da informação criou uma nova base material para o desempenho de atividades em toda a estrutura social. Essa base material construída em redes define os processos sociais predominantes, conseqüentemente dando forma à própria estrutura social. (1999, p.567).

O autor assegura que os processos de transformações sociais da sociedade em rede afetam profundamente a cultura e a concepção de poder, sendo que, atualmente, “formação de imagem é geração de poder.” (Idem, p.572). Vanzo chega a afirmar que a informação e o conhecimento são os mais valiosos e poderosos recursos desta nova era. “Se antes a terra e depois o capital eram fatores decisivos da produção, hoje o fator decisivo é, cada vez mais, o homem em si.” (2000, p.21). Esta realidade afeta diretamente o cenário empresarial. “Os ativos fundamentais para o negócio passaram a ser a marca, o conhecimento, a tecnologia e as pessoas.” (Idem).

Já que cresce o conhecimento humano, o número de informações disponíveis na internet também aumenta de maneira exponencial. Para Lima, “nos defrontamos com um ambiente que desenvolveu meios para divulgar, democraticamente, mais e mais informações, gerando uma sobrecarga de dados disponíveis jamais vista na história da Humanidade.” (2000, p.2). Por esse motivo, “hoje um dos maiores problemas com que nos defrontamos no meio ambiente já não é a falta de informação, mas sim a seleção adequada ou filtragem daquela que pode nos ser efetivamente útil.” (Idem).

Enfim, pode-se dizer que a revolução atual se difere das anteriores principalmente porque no lugar das referências passadas, que tinham como alicerce a energia e a matéria, as bases atuais envolvem a compreensão humana do tempo, espaço e, sobretudo, do conhecimento. É o conhecimento que determina as inovações, por isso está se tornando a atividade central da nova economia e elemento determinante de mudanças. Já se tornou consenso entre vários estudiosos dizer que a informação e o conhecimento são os dois bens primordiais do novo contexto. Na sociedade atual o saber ocupa papel central, acompanhado de uma nova classe de trabalhadores, a dos trabalhadores do conhecimento.

As evidências levam a crer que a revolução da informação mudou de forma permanente e irreversível a forma de ser e de se organizar a sociedade. Para Castells

[...] a sociedade em rede representa uma transformação qualitativa da experiência humana. Se recorrermos à antiga tradição sociológica segundo a qual a ação social no nível mais fundamental pode ser entendida como o padrão em transformação das relações entre a Natureza e a Cultura, realmente estamos em uma nova era. (1999, p.573).

Entender estas profundas mudanças é fundamental para os profissionais da comunicação, já que agora ampliam-se as possibilidades e um novo impulso é dado ao tratamento da informação. Todas essas transformações exigem um novo perfil pessoal e profissional. “É o começo de uma nova existência e, sem dúvida, o início de uma nova era, a era da informação, marcada pela autonomia da cultura vis-à-vis as bases materiais de nossa existência.” (Idem, p.574).
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REFERÊNCIAS
CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. 10.ed. rev. e ampl. São Paulo, SP: Paz e Terra, 2006. 1 v. 698p.
LIMA, Edvaldo Pereira. Páginas ampliadas: o livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. 3.ed. Barueri, SP: Manole, 2004. 371 p.
VANZO, Elvízio Trigo. Você@digital: esteja pronto para a revolução da informação. São Paulo: Infinito, 2000.
TRIVINHO, Eugênio. Redes: obliterações no fim do século. São Paulo: Annablume, 1998. 153p.
TAKAHASHI, Tadao. Sociedade da Informação. In: PERUZZO, Cecília, BRITTES, Juçara (Org). Sociedade da Informação e Novas Mídias: participação ou exclusão?. São Paulo: INTERCOM, 2002. 139 p.